segunda-feira, 9 de junho de 2014

PARQUES TECNOLÓGICOS: Sistemas complexos e desenvolvimento regional





Neri dos Santos[1]
Deborah Bernett [2]
Gisley Francisco Baretta[3]


RESUMO
Um sistema é a união de várias partes, ou seja, é formado de componentes ou elementos que não vivem isolados, e é sempre parte de um todo. A Teoria Geral de Sistemas analisa a natureza dos sistemas, a inter-relação entre eles em diferentes espaços, bem como a inter-relação entre suas partes, e as Leis Fundamentais dos Sistemas. Os sistemas possuem potencial próprio que expressa seus estados internos, demonstrando a sua estabilidade, as forças e as relações entre suas partes. A visão sistêmica é uma abordagem fundamental em um mundo globalizado, auxilia na compreensão, e organiza para uma visão do todo, incluindo-se os efeitos secundários nas tomadas de decisão. Os Parques Tecnológicos são sistemas complexos abertos e difíceis de serem vistos como unidade, portanto a abordagem sistêmica colabora para a compreensão da complexidade dos mesmos. O presente artigo pretende abordar os Parques Científicos e Tecnológicos sob a ótica dos sistemas complexos.

Palavras-chave: Sistemas. Complexidade. Teoria Geral dos Sistemas. Parques Tecnológicos.

1. Introdução

Há muito tempo, as pessoas notaram que existem coisas comuns nas diferentes áreas do conhecimento, que problemas similares podem ser resolvidos com soluções similares, e ainda perceberam que algumas características e regras aconteciam em todas as áreas. O pensamento quanto aos sistemas desempenha um papel dominante em vários campos do conhecimento, desde empresas industriais até as ciências mais puras. Surge então uma definição de sistema, como um conjunto de elementos inter-relacionados com um objetivo comum, ou seja, todas as áreas do conhecimento possuem sistemas.
Quando nos referimos a “sistemas”, um nome obrigatoriamente deve ser lembrado: Ludwig Von Bertalanffy, um dos mais importantes cientistas do século XX, que elaborou a Teoria Geral dos Sistemas, além deste trabalho, foi também autor do “conceito organísmico”, da “concepção do organismo como um sistema aberto” e a construção da referida teoria.
Os sistemas possuem características e leis independentemente da área onde se encontram, assim; um carro, o corpo humano, um computador e uma empresa são exemplos simples de sistemas. Por outro lado, se não houver objetivo comum entre os envolvidos, não podemos considerá-los como sistema, como observarmos pessoas caminhando na rua.
A necessidade de um enfoque sistêmico para as mais diferentes atividades e áreas de atuação vem sendo sentida há várias décadas. Neste contexto, insere-se a questão da criação dos Parques Tecnológicos, espaços interdisciplinares criados com foco no desenvolvimento tecnológico, e que consistem entre outros aspectos, em agregar valor econômico à localidade, atraindo diferentes atores de maneira sustentável e sustentada. Desta forma Ferreira (1996) diz que sistema é a disposição das partes ou dos elementos de um todo, coordenados entre si, e que funcionam como uma estrutura organizada, o que permite uma analogia aos Parques Científicos, que nada mais são do que a disposição e envolvimento de várias áreas de conhecimento formando uma estrutura sistêmica. Assim, no presente artigo, pretende-se demonstrar como os Parques Tecnológicos podem ser considerados sob a ótica dos Sistemas Complexos.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1 Definição, tipos e identificação de Sistemas

Um sistema é um conjunto de partes interagentes e interdependentes que, conjuntamente, formam um todo unitário com determinado objetivo e efetuam determinada função (OLIVEIRA, 2002, p. 35).
Pode ser definido, segundo ALVAREZ (1990) como um conjunto de elementos interdependentes que interagem com objetivos comuns formando um todo, e onde cada um dos elementos componentes comporta-se, por sua vez, como um sistema cujo resultado é maior do que aquele que as unidades poderiam ter se funcionassem independentemente. Qualquer conjunto de partes unidas entre si pode ser considerado um sistema, desde que as relações entre as partes e o comportamento do todo sejam o foco de atenção.
Rosini (2003) diz que todo sitema é um conjunto de elementos interdependentes em interação, visando atingir um objetivo comum, se sofre influências do meio e que, com suas ações, influencia o meio; é dito aberto, ao contrário do fechado que não sofre influências do meio, nem o altera com suas ações internas.
O autor nos informa que o sistema se decompõe em partes menores, subsistemas, que são conjuntos de elementos interdependentes que interagem para atingir um objetivo comum, que ajudará o sistema a atingir seu objetivo maior. Os sistemas apresentam entradas de dados (input), processamento e saída de informações (output) e feedback e possuem um processo de evolução composto de criação, evolução e decadência. (Figura 1)






 












Figura 1: Esquema Teórico de um Sistema.
Fonte: Adaptado de ROSINI (2003)

A  interação entre os elementos de um sistema é chamada de sinergia, e é o que possibilita seu adequado funcionamento. Por outro lado, a entropia que é a desordem ou ausência de sinergia, faz com que um sistema deixe de funcionar adequadamente.
Os sistemas orgânicos em que as alterações benéficas são absorvidas e melhor aproveitadas sobrevivem, e aqueles onde as qualidades maléficas ao todo resultam em dificuldade de sobrevivência, tendem a desaparecer, caso não haja outra alteração de contrabalanço que neutralize aquela primeira. Para Bertalanffy (1975) a evolução permanece ininterrupta enquanto os sistemas se autoregulam.
Quando se diz que o sistema é realimentado podemos nos referir ao mesmo como sistema dinâmico. Num ciclo de retroação; a saída é capaz de alterar a entrada que a gerou, e, também a si própria. Se os sistemas fossem instantâneos, a alteração resultaria em  desigualdade. Deste modo, se no processo de realimentação de um sistema deve haver um o retardo na resposta, o que ocorre devido a tendência do sistema de manter uma homeostase,  mesmo sofrendo variações, tende resistir a mudanças.

Os sistemas caracterizam-se por possuírem:
ü  Elementos.
ü  Relações entre elementos.
ü  Objetivo comum.
ü  Meio ambiente.
Assim, utilizando-se um carro como exemplo, pode-se dizer que a parte elétrica, o motor, o chassi, as rodas e a carroceria, são os elementos. As relações entre os elementos são estruturais, ou seja, as partes são integradas entre si, ou funcionais, realizando também trocas. O objetivo comum, neste caso, é a locomoção.
Já o meio ambiente é designado como o que está fora do sistema, não pode ser controlado por ele, mas pode realizar trocas com o mesmo, de energia, de produtos, de materiais e até mesmo de informações, por isso diz-se que um sistema pode influenciar o meio e por ele pode ser influenciado. Por vezes, é difícil determinar o que está “no ou fora” do sistema, uma maneira simples de detectar este fato é observar se um sistema pode controlar determinado elemento, se positivo, é um elemento do sistema, caso contrário, é elemento do meio.
Os sistemas podem ainda serem diferenciados em tipos:
ü  Sistemas Abertos
A Teoria de Sistemas afirma que estes são os que sofrem interações com o ambiente onde estão inseridos, desta forma, a interação gera retroalimentações que podem ser positivas ou negativas, criando assim uma auto regulação regenerativa, que por sua vez cria novas propriedades que podem ser benéficas ou maléficas para o todo independente das partes.
ü  Sistemas Fechados
São aqueles que não sofrem influência do meio ambiente no qual estão inseridos, de tal forma que ele se alimenta dele mesmo.
ü  Sistemas Concretos
São aqueles que existem fisicamente.
ü  Sistemas Abstratos
São modelos ou representações do mundo físico.
ü  Sistemas Naturais
São aqueles que existem na natureza
ü  Sistemas Artificiais
São aqueles que foram criados ou inventados pelo homem.
Martinelli e Ventura (2006) afirmam que “se a definição de sistemas é muito simples e intuitiva, a identificação de sistemas na prática pode se tornar um enorme desafio”. Primeiro, por causa da nossa limitação cognitiva diante do incomensurável número de detalhes envolvidos, mesmo no mais vulgar dos sistemas com os quais se tem de lidar no dia-a-dia. Segundo e, conseqüência do primeiro, a identificação de sistemas na prática pode se tornar um enorme desafio por causa da dificuldade de se definir os propósitos, fronteiras etc. que podem não raramente envolver aspectos muito subjetivos.
Assim, simplesmente não se pode atribuir propósitos ou mesmo fronteiras a sistemas, como se fossem fatos objetivos na natureza; estes são realidades reconhecidas por um observador dentro de sua percepção do que um sistema faz.

2.2 Teoria geral dos Sistemas
A Teoria Geral dos Sistemas estuda a organização abstrata de fenômenos, independente de sua formação e configuração, investiga os princípios comuns às entidades complexas, e modelos que podem ser utilizados para a sua descrição. Foi proposta na década de 1950 por biólogo Ludwig Von Bertalanffy. O autor baseou suas pesquisas numa visão diferente do reducionismo científico até então aplicada pela ciência convencional, alguns estudiosos da área dizem que foi uma reação contra o reducionismo e uma tentativa de criar uma unificação científica.
Segundo a Teoria de Sistemas, substituímos o estudo das características individuais e/ou de propriedades de componentes, por um estudo focado no arranjo do todo. Assim, na abordagem sistêmica priorizamos o estudo das relações entre as partes interconectadas e que interagem entre si. Um sistema é uma organização realimentada e auto-gerenciável cujo funcionamento independe dos elementos que a formam, podendo ser substituídos sem que o todo seja alterado. É o que chamamos homeostase ou auto-regulação, podendo o sistema assumir, a partir desta propriedade, o que é designado a uma determinada parte, que possa ter falhado.
Os sistemas atuam de forma interdisciplinar, facilmente exemplificável nos estudos de biologia. Desta forma, a investigação de uma célula neuronal não indica o estado da estrutura do pensamento de um indivíduo, ou ainda, se um neurônio morrer ou perder suas funções, não acarretará em mudanças no funcionamento do cérebro.
Na sociologia, por mais que se analise o comportamento de uma pessoa de forma isolada, não é possível prever as ações da população. Os mesmos princípios da Teoria Sistêmica que orientam o funcionamento das organizações sob uma visão sistêmica estão imbricados nas ciências físicas e biológicas e também na área tecnológica provendo base para seus entendimentos de forma unificada.  Os princípios e aplicações da Teoria Geral dos Sistemas abrangem uma enorme gama de segmentos das ciências: administração, ecologia, engenharias, inteligência artificial, redes neuronais, modelagem, enfim, inúmeros segmentos podem basear-se nos preceitos desta Teoria.

2.3 Leis Universais dos Sistemas
Na Teoria Geral de Sistemas podem ser identificadas determinadas regras, normas ou leis comuns a todos os sistemas, que independem da área do mesmo, pode-se afirmar que todo sistema respeita tais leis.
ü  “Todo sistema se contrai, e é composto de subsistemas, o que ocorre infinitamente”.
Os elementos de um sistema são também sistemas, se utilizarmos novamente o automóvel como exemplo, pode-se dizer que o motor é um sistema. 
ü  “Todo sistema de expande, ou seja, é parte de um sistema maior, o que ocorre infinitamente”.
O automóvel é parte integrante de outro sistema maior; de tráfego, que por sua vez pode ser considerado subsistema de uma cidade e assim infinitamente.
ü  Quanto maior a fragmentação do sistema (ou seja, o número de subsistemas), maior será a necessidade para coordenar as partes”.
Desta maneira pode-se dizer que é mais fácil visualizar um menor número de sistemas e entender sua integração; por esta razão, sugere-se agrupar elementos em um número arbitrário de subsistemas.
ü  Homeostase
Os sistemas procuram seu auto-equilíbrio, se um segmento do sistema não está funcionando corretamente, os outros deverão procurar o equilíbrio, e assim o sistema atingirá seu objetivo.
ü  Sinergia
As partes de um sistema interagem interligadamente para gerar algo maior, o que não se conseguiria isoladamente. Pode-se dizer ainda que a resposta esteja na integração entre as partes, pode gerar algo novo.

2.4 Abordagem e pensamento sistêmicos
A abordagem sistêmica é uma forma de resolver problemas sob o ponto de vista da Teoria Geral de Sistemas, as soluções podem surgir ao observar-se um problema como um sistema. Para beneficiar-se da abordagem sistêmica deve-se:
ü  Dividir determinado problema em outros menores;
ü  Identificar todas as partes do sistema, neste caso, alguns detalhes das partes podem fazer a diferença;
ü  Atentar para detalhes;
ü  Olhar de forma holística;
ü  Fazer analogias.

Senge (2000) afirma que o pensamento sistêmico é uma mudança de paradigma, herdado dos filósofos da revolução científica do século XVII como Descartes, Bacon e Newton, que se contrapõe ao pensamento reducionista-mecanicista. Foi criado para entender um sistema e tornou-se fundamental para o convívio social, para o trabalho familiar, para a descentralização política, para propostas de desenvolvimento sustentável e liderança nas organizações.
Teve seu início no século passado, com a mudança de paradigma do pensamento linear para o pensamento sistêmico. O pensamento linear simplifica a realidade, como se as perguntas possuíssem somente uma resposta. Apesar de anteceder o pensamento sistêmico, é um conceito necessário e fundamental para algumas áreas do conhecimento que necessitam de uma abordagem de causa e efeito. Ocorre que esta abordagem não é suficiente nos casos que envolvem sentimentos e emoções. Ou seja, não é capaz de tratar e entender a totalidade da vida humana. Assim, surgiu o pensamento sistêmico ou holístico que admite que as perguntas não possuam apenas uma resposta. Aliás, geralmente, possuem várias respostas e que muitas vezes são até contraditórias.
O conceito evoluiu de tal maneira que já temos computadores que estão sendo projetados para “pensar” de uma forma não linear, copiando os seres humanos na sua habilidade de pensar sistemicamente. Tomar uma decisão sem ter a visão do todo pode gerar decisões unilaterais, isoladas e pouco efetivas. Daí precede a necessidade de melhorar nossa capacidade de compreender o encadeamento das ações e dos elementos dentro de uma organização, treinando nossa habilidade de observar e gerando uma visão sistêmica.
 Segundo ainda o autor, os paradigmas da ciência segundo o pensamento sistêmico são descritos através dos pressupostos da simplicidade, da estabilidade e da objetividade. O pressuposto da simplicidade parte da crença que, separando-se o mundo complexo em partes, encontram-se elementos simples, em que é preciso separar as partes para entender o todo. Daí decorre, entre outras coisas, a atitude de análise e a busca de relações causais lineares.
O pressuposto da estabilidade parte da crença de que o mundo é estável. Ligados a esse pressuposto, estão a crença na determinação – com a conseqüente previsibilidade dos fenômenos – e a crença na reversibilidade – com a conseqüente controlabilidade dos fenômenos. Já o pressuposto da objetividade acredita que é possível conhecer objetivamente o mundo tal como ele é na realidade e há exigência da objetividade como critério de cientificidade.
Os cientistas de hoje, trabalham com múltiplas versões da realidade em diferentes domínios lingüísticos de explicações. Assim, o pensar de forma sistêmica, permite uma abertura para várias possibilidades (Senge, 2000)
ü  Levar em consideração múltiplos focos, aspectos, variáveis e relações;
ü  Buscar várias soluções combinadas para resolver um problema e aprender algo com a situação;
ü  Gerar várias interpretações, sem necessariamente fazer julgamentos apressados;
ü  Buscar por alternativas que não haviam sido consideradas antes;
ü  Analisar todas as conseqüências que podem surgir com uma decisão;
ü  Ser capaz de projetar um horizonte mais realista;
ü  Desenvolver a habilidade de observação;
ü  Permitir que sejamos sempre aprendizes, independentemente da situação ser semelhante a outras já vividas.
Não se deve abrir mão do pensamento sistêmico, ter visão sistêmica e compreender este conceito facilita sobremaneira a resolução de problemas em todos os segmentos; na gestão de conflitos, no planejamento estratégico e em vários outros.

            Um PCT pode ser considerado um sistema, segundo a abordagem da Teoria Geral dos Sistemas, e então deve haver quatro itens principais que o compõem:
ü  Um conjunto de elementos ou subsistemas (recursos financeiros, materiais, energéticos, humanos e de informação).
ü  Relações entre estes elementos.
ü  Um objetivo comum e,
ü  Um meio-ambiente.

Cada um destes itens passa obrigatoriamente por um ciclo de vida com as seguintes fases: aquisição, uso e perda/disseminação. Somam-se ainda duas outras fases: planejamento e controle (planejar significa traçar um caminho para ser seguido e controle tem a ver com a verificação se este caminho está sendo seguido corretamente).
Assim como num sistema, num PCT os elementos se inter-relacionam e podem ser vistos como processos, funções ou atividades executadas dentro do mesmo. Em certo tipo de classificação, estas podem ser divididas em funções/atividades fins ou meio.
O meio-ambiente de um sistema é tudo o que está fora deste; é aquilo que não pode ser controlado pelo sistema, mas que pode ser influenciado e também influenciar através de trocas com o sistema.
Todo sistema possui um objetivo geral ou global, que deve ser dividido em objetivos menores (específicos ou parciais). Isto, conforme a Abordagem Sistêmica permite um melhor controle sobre como alcançar estes objetivos (“dividir para conquistar”). As organizações também precisam de objetivos. Não só por serem sistemas, mas para terem um rumo a seguir, o qual permitirá que as pessoas saibam o que fazer e por que e para que os recursos da organização (elementos deste sistema) possam integrar-se. Por fim, cabe ressaltar que devem ser identificados os valores que proporcionam ou ajudam a entender melhor quem são os atores e se está oferecendo serviços adequados.
Os PCT’s são espaços criados com foco no desenvolvimento local, e consistem entre outros aspectos, em agregar valor econômico à localidade, atraindo stakeholders[4] de maneira sustentável e sustentada. Seus componentes são: recursos humanos qualificados; relações econômicas entre produtores e clientes; circulação de informações entre agentes, instituições e indivíduos; existência de uma estrutura institucional desenvolvida e construção de uma identidade sociocultural facilitadora da confiança. Nesta perspectiva, os agentes são governos, empresas, comunidades organizadas e redes produtivas (YOGEL, NOVICK e MARIN, 2001; FISCHER, 2002) em função do desenvolvimento sustentável.
Diante disso, a criação de PCT’s integra diferentes cenários alicerçados em projetos mobilizadores de instituições de educação, organizações sem fins lucrativos nas áreas de saúde, sócio-ambientais, segurança, cultura e turismo, entidades representativas locais, setor público, setor privado e a parceiros investidores, como frentes prioritárias de diálogo. Estabelece-se nesse contexto, uma rede de atores que desafia os conceitos determinísticos de construção social, exigindo processos inovadores, criativos e eficientes de gestão que formam redes de conhecimentos construídas para interesses comuns.
A construção de um Parque de Inovação Tecnológica requer um processo de incubação eficaz, com mecanismos de formação de empresas sólidas, com arrojado e concreto planejamento estratégico. O processo de incubação é um dos mais eficazes mecanismos de formação de empresas, prevê a implantação clara e objetiva das empresas dentro dos critérios do Parque Tecnológico. Esta geração, sistêmica e sustentada de empreendimentos chamada Parques de Inovação Científica e Tecnológica garante ciência e tecnologia continuada, além das metodologias e práticas de gestão. Concentram-se em políticas de desenvolvimento que só se tornam eficientes quando partem de pressupostos baseados em inovação e conhecimento direcionados para o desenvolvimento econômico. Fundamentam-se no desenvolvimento regional local, gerando processos contínuos de articulação política e social com bases numa economia eficiente e competitiva, e relativa autonomia das finanças públicas, combinado com a conservação dos recursos naturais e do meio ambiente (BUARQUE, 1991).
Os princípios gerais da geração de um Parque Tecnológico, segundo a ABDI[5] aliam três principais objetivos:
ü  Estimular e gerenciar o fluxo de conhecimentos e de tecnologias entre universidades, instituições de P&D[6], empresas e mercados.
ü  Facilitar a criação e o crescimento de empresas de base tecnológica por meio da incubação e da geração de spin-off [7].
ü  Fornecer outros serviços de valor agregado, bem como:
  • Espaços e serviços de apoio administrativo;
  • Apoio à gestão estratégica do negócio;
  • Serviços de capacitação;
  • Acesso ao financiamento, capital semente e de risco (venture capital);
  • Consultoria em propriedade intelectual;
  • Laboratórios;
  • Incubação de empresas.
Os efeitos da criação desse centro “inteligente”, baseado na sustentabilidade social, econômica e ambiental, extrapolam a curiosidade científica e alcança a capacitação das futuras gerações para enfrentar o desenvolvimento equilibrado, a produção de riquezas e a agregação de valor, fazendo frente a estatísticas americanas e européias, onde a taxa de mortalidade de empresas que passam pelo processo de incubação é reduzida de 70% para 20%, detectado entre empresas nascidas fora desse ambiente.
Os resultados esperados dentro desses ambientes estão diretamente ligados à atuação sinérgica e alinhada do perfil inovador do Parque e seu contexto socioeconômico.
Assinalam-se seis itens que promovem resultados positivos no processo de Inovação e Tecnologia, referentes aos Parques:
1.    Criação de uma marca forte em gestão estratégica da inovação, reconhecida pelos parceiros e clientes;
2.    Ampliação das ações do Parque nas áreas necessárias e portadoras de futuro para o crescimento local;
3.    Criação e estímulo à formação de novos negócios, atração de talentos e novas oportunidades de trabalho e renda;
4.    Geração de um portfólio de clientes e parceiros com potencial de indução de novos projetos junto;
5.    Desenvolvimento de um pensamento estratégico para inovação (missão e visão) e;
6.    Busca de oportunidades para inovação tecnológica.
Entretanto para o aproveitamento racional e sustentável dos recursos do Parque, observam-se quatro características fundamentais:
1) O estímulo ao empreendedorismo (melhor aproveitamento da capacidade empreendedora da comunidade ou estímulo ao seu surgimento);
2) O apoio às formas de organização e de fortalecimento da sociedade civil (promoção do capital social) e;
3) A melhor articulação das políticas públicas com os eixos e potenciais de desenvolvimento identificados (LUSTOSA, 2002);
4) A participação financeira e gestora dos investidores sociais privados e públicos.
Courson (1997) diz que Parques de Inovação visam estabelecer posicionamentos diferenciados, sustentáveis e competitivos na região implantada. Ao tratar inovação como um conjunto de atividades relacionadas cujos resultados são freqüentemente incertos, envolvendo um considerável grau de risco, Schumpeter (1982), estabelece a conexão entre a inovação e o desenvolvimento, relacionando o papel da ciência, e da tecnologia com o aumento da competitividade e a produtividade.
No Brasil, os PCT’s surgiram na década de 80, seguindo uma tendência mundial.  De acordo com a ANPROTEC[8], em 2004 existiam 39 parques tecnológicos no país, em operação, em fase de implantação e projeto. Um dos motivadores desse processo é o fechamento prematuro de empresas, por diversos fatores socioeconômicos, mas particularmente pela falta de planejamento e competências no setor de gestão estratégica. Deparamo-nos com ambientes provenientes de uma herança socioeconômica flutuante e pouco estimuladora de negócios sustentáveis. Porém numa visão global, Giddens (1990), e sua visão sociológica do ambiente em que vivemos, onde o "natural e o social" se confundem na prática e na ética da vida social, estimula uma reflexão sobre os valores determinantes da perspectiva de sucesso dos PCT’s no Brasil.
Vive-se uma fase de transição, onde se começa a perceber que as atividades econômicas outrora lucrativas não podem conduzir a um futuro próspero, sem pensar num “capitalismo natural”. Tal percepção já esta impulsionando a próxima revolução na indústria. (HAWKEN, LOVINS, LOVINS HUNTER, 1999).
Dentro desse contexto, a criação do PNI[9] apresenta-se como uma importante iniciativa para a promoção do desenvolvimento tecnológico e da inovação nas micro e pequenas empresas, ao estimular iniciativas de instalação e consolidação de incubadoras e parques nas várias unidades da Federação. Desde 2004, a ANPROTEC em parceria com empresas privadas, governo e o SEBRAE, contribui significativamente para a disseminação do conhecimento adquirido pelos trabalhos desenvolvidos no setor, praticando eventos anuais de norte a sul do Brasil. Essa iniciativa visa ampliar a visibilidade não só do setor de incubadoras de empresas e parques tecnológicos, mas também para o avanço da inovação brasileira e aumento da competitividade nacional.

2.6 Pressupostos para a construção de PCT’s
A inovação contínua e bem sucedida de organizações japonesas está pautada na habilidade para criar e administrar o conhecimento. Nonaka (1991), Nonaka e Takeuchi (1997) definem a criação de conhecimento em uma organização como sendo a habilidade para gerar conhecimento novo e incorporá-lo em outras inovações. Ou seja, faz com que uma nova idéia seja incorporada à visão da organização, passando a ser uma expressão das aspirações da administração executiva e das metas estratégicas da corporação, alimentando, assim, o potencial para a construção da sua rede de conhecimentos.
Nonaka e Takeuchi (1997) afirmam que o conhecimento organizacional é a capacidade de uma empresa de criar um novo conhecimento, difundi-lo na organização como um todo e incorporá-lo a produtos (ou serviços) e sistemas (processos). Criar conhecimento em uma organização significa harmonizar o trabalho de criação com a disseminação e a incorporação nos produtos, serviços e sistemas. A dinâmica da criação do conhecimento na organização exige a interação entre essas duas formas de modo repetido, num processo de evolução espiral, que se desenvolve em três níveis: indivíduo, grupo e organização.
Os padrões de produtividade e competitividade sofreram importantes transformações nos últimos 35 anos, estas motivadas por uma “revolução informacional”. Este novo modelo considera informação e o conhecimento como diferenciais essenciais e competitivos, assim o processo de educação e aprendizagem assume um importante papel para o desenvolvimento das competências. Neste novo modelo, o foco passa a ser o gerenciamento do conhecimento.
Assim, a gestão do conhecimento emerge justamente para que as organizações passem a valorizar esse ativo intangível de vital importância. DRUKER (1993) define o conhecimento necessário para a organização, como aquele capaz de dotar de relevância e propósito os dados existentes, transformando-os em informação valiosa para o negócio. O mesmo autor afirma que na medida em que as organizações se conscientizam da importância de se converter dados em informação (não somente controle) nota-se uma transformação na forma de se trabalhar.
Nonaka e Takeuchi (1997) baseiam-se na identificação do conhecimento tácito, o que é adquirido pelos construtos pessoais, como o elemento primordial na geração do conhecimento, enfatizam que a relação direta do conhecimento com o indivíduo e, conseqüentemente, com as ações humanas, que envolve a criação de um ambiente propício ao desenvolvimento de determinados atributos como autonomia, interação entre ambientes, compartilhamento e acessibilidade às informações.
Inovação pode ser conceituada como conjunto de atividades relacionadas cujos resultados são freqüentemente incertos, estando envolvido um considerável grau de risco. Schumpeter (1982) estabelece a conexão entre a inovação e a sociologia quando se refere ao papel que a ciência, tecnologia e a inovação podem ter no sentido de aumentar a competitividade e a produtividade dos Sistemas Locais de Produção e da região, de forma que, seja assegurada a relação coletiva entre o meio ambiente e os principais interesses dos atores. Os aspectos relacionados à inovação tecnológica envolvem uma temática ampla; conforme citado anteriormente, PCT’s são empreendimentos inovadores, principalmente se levarmos em conta o cenário local e a participação da comunidade no interesse do empreendimento.
Santiago e Santiago Jr (2007) corroboram com a idéia quando comentam que a inovação pode ser considerada um dos pilares da gestão do conhecimento, por ter como fundamento básico a busca de novas soluções a partir da criação de novos conhecimentos. Definem-na como a geração de novas idéias que aumentem a eficiência e a eficácia na identificação e na implementação de novos produtos, de novos serviços, de habilidades avançadas, de atividades de melhorias e das melhores práticas que propiciem ganhos econômicos. Mas também lembram que há certa dificuldade em se valorizar as contribuições das ações voltadas para inovação no que diz respeito à efetiva criação e disseminação de conhecimento em uma organização (Capra, 2002). Talvez essa dificuldade esteja atrelada à necessidade de a inovação e os conceitos que a cercam estarem incorporados de forma sistêmica e constante aos processos e culturas.
Assim, a inovação possibilita que se criem novos conhecimentos e informações sobre determinado tema, deste modo pode-se dizer que o ciclo de geração de conhecimento inicia-se pela necessidade de mudanças, que a coloca como elemento ativador do ciclo dos sistemas de construção da base do conhecimento.


3. Discussão
3.1 Sistemas complexos
 A crença segundo a qual em todo sistema o comportamento do todo pode ser entendido inteiramente a partir das propriedades de suas partes é fundamental no pensamento cartesiano. Esse foi o método analítico de Descartes: a compreensão do todo pode ser obtida da análise das partes. O grande impacto da ciência do século XX foi a percepção de que os sistemas não podem ser entendidos pela análise linear de suas partes. As propriedades das partes não são propriedades intrínsecas, só podem ser verdadeiramente entendidas a partir da compreensão do todo e suas partes, junto ao contexto. O pensamento sistêmico não linear estendeu-se além dos blocos de construção básicos, para os princípios coerentes com a natureza que sustenta as estruturas conceituais materiais e sociais que ergueram as futuras gerações institucionais. (PALLAZO, 2000)
Abandonando a concepção sistêmica cartesiana dos sistemas lineares, nos deparamos com um conjunto de objetos estudados que se inter-relacionam e divergem entre si na sua relação de causa e efeito. Nesse caso a resposta obtida dos processos não é necessariamente proporcional. Esta é a categoria de sistemas que serve de objeto à teoria do caos, mais conhecidos como sistemas dinâmicos não-lineares. Essa reflexão nos encaminha para os sistemas complexos, um mundo de transições de fase, de mudanças de rumos e comportamentos, que fogem da ordem, e denotam processos caóticos. Muitas vezes observamos esses cenários em diferentes formas organizacionais, particularmente nos processos associados a modelos não-lineares, organizados de modo a considerar a diversidade com característica institucional.
Ainda para Pallazo (2000), a emergência do pensamento sistêmico representou uma profunda revolução na história do pensamento científico ocidental. O autor reflete a visão sistêmica da vida na contemporaneidade de maneira contextual, que por sua vez é o oposto do pensamento analítico, trazendo a tona questões fundamentais de sustentabilidade para as organizações da Era do Conhecimento, quando questiona o pensamento sistêmico, referindo-se a necessidade de diferentes áreas do conhecimento para compreender o avanço decisivo da concepção sistêmica.  A relação com a complexidade é um tema que relaciona com da compreensão do tecido de acontecimentos, ações, interações, retroações, determinações, acasos, que constituem o mundo dos Parques Tecnológicos com necessidade de intensa de gestão do conhecimento, para pôr ordem, selecionar, distinguir, e relacionar os elementos de estudo.
Segundo Capra (2002), um sistema complexo como aquele que não é possível empregar métodos reducionistas para sua interpretação ou compreensão. Se um determinado domínio é complexo ele será, por definição, resistente à analise. Nesse sentido na complexidade busca-se uma visão capaz de transcender ao reducionismo, permitindo a modelagem de sistemas que apresentam características indissociáveis do todo sem a perda de parte do significado original.
Dessa maneira, falar de sistemas complexos suporta uma definição de área de conhecimento que com certeza tem um caráter interdisciplinar envolvendo outros temas muito importantes que diferentes autores denominam de síntese teórica das ciências, baseada na natureza dos sistemas vivos. 

3.2 Parques Científicos e Tecnológicos como sistemas complexos de desenvolvimento regional
Um dos grandes questionamentos nos processos dos sistemas complexos é a sua adaptação e suas características da auto-organização. A pergunta é “de onde vem a ordem?” A organização surge espontaneamente a partir da desordem e não parece ser dirigida por leis físicas conhecidas. Compreendemos que na necessidade de alguma forma de ordem, surgem interações entre as unidades componentes e as leis que podem governar este comportamento não são bem conhecidas.
Esta corrente de pensamentos agrega à teoria a criação de novas estruturas e de novos modos de comportamento no processo auto-organizador. Esta corrente defende que nos processos auto-organizadores ocorrem três características que não são consideradas. A primeira, a criação de novas estruturas e novos modos de comportamento, de aprendizagem e de evolução. Outra característica, a segunda, nos modelos de auto-organização, todos lidam com sistemas abertos que operam afastados do equilíbrio. É necessário um fluxo constante de energia e matéria através do sistema para que ocorra a auto-organização. A surpreendente emergência de novas estruturas e de novas formas de comportamento, que é a marca principal da auto-organização, ocorre apenas quando o sistema está afastado do equilíbrio. Uma terceira característica da auto-organização, que é comum a todos os modelos, é a interconexidade não-linear dos componentes do sistema. Resumindo essas três características dos sistemas auto-organizados, podemos dizer que a auto-organização é a emergência espontânea de novas estruturas e de novas formas de comportamento em sistemas abertos, afastados do equilíbrio, caracterizados por laços de realimentação internos descritos de modo não-lineares.
Pallazo (2000) diz que onde quer que encontremos sistemas vivos, organismos, parte de organismos, ou comunidades de organismos, pode-se observar que seus componentes estão arranjados á maneira de rede. Sempre que olhamos para a vida, olhamos para redes. Reconhecendo a rede como um padrão geral da vida, os pensadores sistêmicos estenderam modelos de redes a todos os níveis sistêmicos.
Para Martinho (2203) a figura da rede é a imagem mais própria para designar ou qualificar sistemas, estruturas, ou desenhos organizacionais caracterizados por grande número de elementos dispostos espacialmente e ligados entre si.  Nesse caso, podemos nos aproximar do conceito de Parques Tecnológicos, definidos inicialmente como um conjunto ou agrupamento de organizações com o mesmo interesse que se ligam por meio de uma estrutura gestora com propriedade de desenvolvimento.
Diante do fato de que a rede pode gerar laços de realimentação, elas podem adquirir a capacidade de regular a si mesmas. Uma comunidade de comunicação pode aprender com seus erros, pois as conseqüências de um erro se espalharão por toda a rede e retornarão para a fonte ao longo de laços de realimentação (Pallazo, 2000). Desse modo a estrutura pode corrigir seus erros, regular a si mesma, e  organizar-se em si mesma. Outra concepção importante sobre o fenômeno das redes é a sua diferenciação em relação a hierarquia.
A capacidade de operar sem hierarquia parece ser, assim, uma das mais importantes propriedades distintivas da rede, que tem como característica organizacional a horizontalidade. A horizontalidade é um aspecto decisivo quando consideramos a rede como um padrão organizativo e um modo de operação de caráter emancipatório (Martinho, 2003). Outra característica derivada da horizontalidade, e, portanto, da negação da hierarquia, é não-centralidade, na morfologia de uma rede não há centro. Essa questão revela nas organizações horizontais como Parques Científicos Tecnológicos o desenvolvimento compartilhado de interesses estratégicos como diferenciação competitiva, contribuindo para a compreensão dos sistemas complexos em função do avanço das estruturas sociais.

4. Considerações FINAIS

Relacionando a Teoria Geral dos Sistemas, pode-se considerar os Parques Tecnológicos como sistemas vivos formados por redes complexas que se recombinam e interligam-se continuamente, cooperando e compartilhando interesses estratégicos de  produção de riqueza. As relações sociais na atualidade se formam em rede, dando origem a uma nova economia, estruturada em torno dos fluxos de informação, poder e riquezas financeiras.
Essa nova economia consiste numa meta – rede global de interações complexas que envolvem múltiplos processos de realimentação que operam e produzem uma variedade infinita de fenômenos dentro de uma mesma compreensão sistêmica. Assim, pode-se considerar que os Parques de Inovação funcionam numa dinâmica de multiplicidade de fontes que estão constantemente a reagir a um dilúvio de anseios que muitas vezes escapam ao controle gerencial. Esses organismos vivos, como ecossistemas possuem, flexibilidade, potencial criativo, capacidade de aprendizado que respondem as necessidades das organizações, gerando significados que afirmam a liberdade de recriação continua correspondendo a processos de mudança com impactos sociais significativos para a sociedade.
Após analisar os conceitos de abordagem sistêmica pode-se verificar que os PCT’s apresentam condições e elementos que se compõem como um sistema complexo e que podem ser explicitados através do seguinte:
üGeneralização: A abordagem sistêmica possibilita a ampliação das idéias e teorias de uma área de conhecimento para outra, a partir de uma perspectiva mais ampla. Nos PCT’s os vários atores que o compõe provocam a criação, a explicitação e a disseminação do conhecimento.
üSimplificação: A abordagem sistêmica oferece uma simplificação a partir da compreensão e atenuação da complexidade. No caso dos PCT’s a contínua troca de conhecimento, permite a simplificação.
üIntegração: Nesse caso, um dos objetivos da abordagem sistêmica é assegurar que os subsistemas trabalhem juntos e contribuam aos objetivos do sistema como um todo. Para os PCT’s isso fica claro a partir do momento em que o objetivo dos mesmos é unir forças em prol do conhecimento e desenvolvimento da comunidade a qual está inserida.
üOtimização: As relações entre os sistemas demandam que os indivíduos considerem como suas ações afetam o bem estar dos outros, o que é nada mais nada menos o objetivo principal dos PCT’s, a otimização dos recursos sustentáveis e renováveis.
üAvaliação: A abordagem sistêmica apresenta uma série de métodos de mensuração e avaliação, nos PCT’s os projetos e ações devem ser constantemente avaliados e verificados, para certificar-se de sua viabilidade.
üPlanejamento: É o meio mais efetivo de enfrentamento da complexidade, o que nos PCT’s é uma condição sine qua non para sua existência.
üControle: As organizações são sistemas abertos e não podem ser controlados facilmente. Deve-se aprender a conviver com controles que por sua vez contenham incentivos e motivadores para garantir que o sistema se mova em direção aos objetivos estabelecidos.
Os PCT’s apresentam características de sistemas complexos, como no mundo em que vivemos, onde as pessoas sentem que os fatos que lhes dizem respeito estão de tal modo, interligados, que se um deles for modificado, todos os outros sofrerão de imediatos as conseqüências, como num castelo de cartas. A velha concepção dinâmica do universo como uma linha de causas e efeitos não parece, portanto, fazer jus à complexa realidade do mundo atual. É necessário buscar novos meios de entendimento, em poucas palavras é preciso repensar o que um fenômeno significa e que relação é possível com aquele que o observa.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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[1] Doutorado na França em "Ergonomie de l'Ingenierie" pelo "Conservatoire National des Arts et Metiers" (1985) - França e pós-doutorado em "Ingenierie Cognitive" pela "École Polytechnique de Montréal" - Canadá. Atualmente é professor titular do Departamento de Engenharia do Conhecimento da Universidade Federal de Santa Catarina.
[2] Graduada em Administração. Mestranda na área de Gestão do Conhecimento do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento (PPEGC) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
[3] Bacharel em Administração, Licenciatura em Letras (URI), Licenciatura em Ciências Administrativas, Sociológicas e Agrárias (CEFET), Mestre em Administração (UFSC), Doutorando em Adminsitração (UNAM)
[4] Stakeholder: parte interessada ou interveniente, refere-se a todos os envolvidos num processo, por exemplo, clientes, colaboradores, investidores, fornecedores, comunidade.
[5] Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial.
[6] Pesquisa e Desenvolvimento.
[7] Spin-off termo utilizado para descrever uma nova empresa que nasceu a partir de um grupo de pesquisa de uma empresa, universidade ou centro de pesquisa público ou privado, normalmente com o objetivo de explorar um novo produto ou serviço de alta tecnologia. É comum que estas se estabeleçam em incubadoras de empresas ou áreas de concentração de empresas de alta tecnologia.

[8] Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores.
[9] Programa Nacional de Apoio às Incubadoras de Empresas e Parques Tecnológicos.

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