Neri dos Santos[1]
Deborah Bernett [2]
Gisley
Francisco Baretta[3]
RESUMO
Um sistema é a união de várias partes, ou seja, é formado de componentes
ou elementos que não vivem isolados, e é sempre parte de um todo. A Teoria
Geral de Sistemas analisa a natureza dos sistemas, a inter-relação entre eles
em diferentes espaços, bem como a inter-relação entre suas partes, e as Leis
Fundamentais dos Sistemas. Os sistemas possuem potencial próprio que expressa
seus estados internos, demonstrando a sua estabilidade, as forças e as relações
entre suas partes. A visão sistêmica é uma abordagem fundamental em um mundo
globalizado, auxilia na compreensão, e organiza para uma visão do todo,
incluindo-se os efeitos secundários nas tomadas de decisão. Os Parques
Tecnológicos são sistemas complexos abertos e difíceis de serem vistos como
unidade, portanto a abordagem sistêmica colabora para a compreensão da
complexidade dos mesmos. O presente artigo pretende abordar os Parques
Científicos e Tecnológicos sob a ótica dos sistemas complexos.
Palavras-chave: Sistemas. Complexidade. Teoria Geral
dos Sistemas. Parques Tecnológicos.
1. Introdução
Há muito tempo, as pessoas
notaram que existem coisas comuns nas diferentes áreas do conhecimento, que
problemas similares podem ser resolvidos com soluções similares, e ainda
perceberam que algumas características e regras aconteciam em todas as áreas. O
pensamento quanto aos sistemas desempenha um papel dominante em vários campos
do conhecimento, desde empresas industriais até as ciências mais puras. Surge
então uma definição de sistema, como um conjunto de elementos
inter-relacionados com um objetivo comum, ou seja, todas as áreas do
conhecimento possuem sistemas.
Quando nos referimos a
“sistemas”, um nome obrigatoriamente deve ser lembrado: Ludwig Von Bertalanffy,
um dos mais importantes cientistas do século XX, que elaborou a Teoria Geral
dos Sistemas, além deste trabalho, foi também autor do “conceito organísmico”,
da “concepção do organismo como um sistema aberto” e a construção da referida
teoria.
Os sistemas possuem
características e leis independentemente da área onde se encontram, assim; um
carro, o corpo humano, um computador e uma empresa são exemplos simples de
sistemas. Por outro lado, se não houver objetivo comum entre os envolvidos, não
podemos considerá-los como sistema, como observarmos pessoas caminhando na rua.
A necessidade de um
enfoque sistêmico para as mais diferentes atividades e áreas de atuação vem
sendo sentida há várias décadas. Neste contexto, insere-se a questão da criação
dos Parques Tecnológicos, espaços interdisciplinares criados com foco no
desenvolvimento tecnológico, e que consistem entre outros aspectos, em agregar
valor econômico à localidade, atraindo diferentes atores de maneira sustentável
e sustentada. Desta forma Ferreira (1996) diz que sistema é a disposição das partes
ou dos elementos de um todo, coordenados entre si, e que funcionam como uma
estrutura organizada, o que permite uma analogia aos Parques Científicos, que
nada mais são do que a disposição e envolvimento de várias áreas de
conhecimento formando uma estrutura sistêmica. Assim, no presente artigo,
pretende-se demonstrar como os Parques Tecnológicos podem ser considerados sob
a ótica dos Sistemas Complexos.
2.
DESENVOLVIMENTO
2.1 Definição,
tipos e identificação de Sistemas
Um sistema é um conjunto de partes interagentes e interdependentes que,
conjuntamente, formam um todo unitário com determinado objetivo e efetuam
determinada função (OLIVEIRA, 2002, p. 35).
Pode ser definido, segundo ALVAREZ (1990) como um conjunto de elementos
interdependentes que interagem com objetivos comuns formando um todo, e onde
cada um dos elementos componentes comporta-se, por sua vez, como um sistema
cujo resultado é maior do que aquele que as unidades poderiam ter se
funcionassem independentemente. Qualquer conjunto de partes unidas entre si
pode ser considerado um sistema, desde que as relações entre as partes e o
comportamento do todo sejam o foco de atenção.
Rosini (2003) diz que todo sitema é um conjunto de elementos
interdependentes em interação, visando atingir um objetivo comum, se sofre
influências do meio e que, com suas ações, influencia o meio; é dito aberto, ao
contrário do fechado que não sofre influências do meio, nem o altera com suas
ações internas.
O autor nos informa que o sistema se decompõe em partes menores,
subsistemas, que são conjuntos de elementos interdependentes que interagem para
atingir um objetivo comum, que ajudará o sistema a atingir seu objetivo maior.
Os sistemas apresentam entradas de dados (input),
processamento e saída de informações (output)
e feedback e possuem um processo de
evolução composto de criação, evolução e decadência. (Figura 1)
Figura 1: Esquema Teórico de um Sistema.
Fonte: Adaptado de ROSINI (2003)
A interação entre os elementos de um
sistema é chamada de sinergia, e é o que possibilita seu adequado
funcionamento. Por outro lado, a entropia que é a desordem ou ausência de
sinergia, faz com que um sistema deixe de funcionar adequadamente.
Os sistemas orgânicos em que as alterações benéficas são absorvidas e
melhor aproveitadas sobrevivem, e aqueles onde as qualidades maléficas ao todo
resultam em dificuldade de sobrevivência, tendem a desaparecer, caso não haja
outra alteração de contrabalanço que neutralize aquela primeira. Para
Bertalanffy (1975) a evolução permanece ininterrupta enquanto os sistemas se
autoregulam.
Quando se diz que o sistema é realimentado podemos nos referir ao mesmo
como sistema dinâmico. Num ciclo de retroação; a saída é capaz de alterar a
entrada que a gerou, e, também a si própria. Se os sistemas fossem
instantâneos, a alteração resultaria em desigualdade. Deste modo,
se no processo de realimentação de um sistema deve haver um o retardo na
resposta, o que ocorre devido a tendência do sistema de manter uma
homeostase, mesmo sofrendo variações,
tende resistir a mudanças.
Os sistemas caracterizam-se por
possuírem:
ü
Elementos.
ü
Relações
entre elementos.
ü
Objetivo
comum.
ü
Meio
ambiente.
Assim, utilizando-se um
carro como exemplo, pode-se dizer que a parte elétrica, o motor, o chassi, as
rodas e a carroceria, são os elementos. As relações entre os elementos são
estruturais, ou seja, as partes são integradas entre si, ou funcionais,
realizando também trocas. O objetivo comum, neste caso, é a locomoção.
Já o meio ambiente é
designado como o que está fora do sistema, não pode ser controlado por ele, mas
pode realizar trocas com o mesmo, de energia, de produtos, de materiais e até
mesmo de informações, por isso diz-se que um sistema pode influenciar o meio e
por ele pode ser influenciado. Por vezes, é difícil determinar o que está “no
ou fora” do sistema, uma maneira simples de detectar este fato é observar se um
sistema pode controlar determinado elemento, se positivo, é um elemento do sistema,
caso contrário, é elemento do meio.
Os sistemas podem
ainda serem diferenciados em tipos:
ü Sistemas
Abertos
A Teoria de Sistemas afirma que estes são os que sofrem interações com o
ambiente onde estão inseridos, desta forma, a interação gera retroalimentações
que podem ser positivas ou negativas, criando assim uma auto regulação
regenerativa, que por sua vez cria novas propriedades que podem ser benéficas
ou maléficas para o todo independente das partes.
ü Sistemas Fechados
São aqueles que não sofrem influência do meio ambiente no qual estão
inseridos, de tal forma que ele se alimenta dele mesmo.
ü Sistemas
Concretos
São
aqueles que existem fisicamente.
ü Sistemas
Abstratos
São
modelos ou representações do mundo físico.
ü Sistemas
Naturais
São
aqueles que existem na natureza
ü Sistemas
Artificiais
São
aqueles que foram criados ou inventados pelo homem.
Martinelli
e Ventura (2006) afirmam que “se a
definição de sistemas é muito simples e intuitiva, a identificação de sistemas
na prática pode se tornar um enorme desafio”. Primeiro, por causa da nossa
limitação cognitiva diante do incomensurável número de detalhes envolvidos,
mesmo no mais vulgar dos sistemas com os quais se tem de lidar no dia-a-dia.
Segundo e, conseqüência do primeiro, a identificação de sistemas na prática
pode se tornar um enorme desafio por causa da dificuldade de se definir os
propósitos, fronteiras etc. que podem não raramente envolver aspectos muito
subjetivos.
Assim,
simplesmente não se pode atribuir propósitos ou mesmo fronteiras a sistemas,
como se fossem fatos objetivos na natureza; estes são realidades reconhecidas
por um observador dentro de sua percepção do que um sistema faz.
2.2
Teoria geral dos Sistemas
A Teoria Geral dos Sistemas estuda a organização
abstrata de fenômenos, independente de sua formação e configuração, investiga
os princípios comuns às entidades complexas, e modelos que podem ser utilizados
para a sua descrição. Foi proposta na década de 1950 por biólogo Ludwig Von
Bertalanffy. O autor baseou suas pesquisas numa visão diferente do reducionismo
científico até então aplicada pela ciência convencional, alguns estudiosos da
área dizem que foi uma reação contra o reducionismo e uma tentativa de criar
uma unificação científica.
Segundo a Teoria de Sistemas, substituímos o estudo
das características individuais e/ou de propriedades de componentes, por um
estudo focado no arranjo do todo. Assim, na abordagem sistêmica priorizamos o
estudo das relações entre as partes interconectadas e que interagem entre si.
Um sistema é uma organização realimentada e auto-gerenciável cujo funcionamento
independe dos elementos que a formam, podendo ser substituídos sem que o todo
seja alterado. É o que chamamos homeostase ou auto-regulação, podendo o sistema
assumir, a partir desta propriedade, o que é designado a uma determinada parte,
que possa ter falhado.
Os sistemas atuam de forma interdisciplinar,
facilmente exemplificável nos estudos de biologia. Desta forma, a investigação
de uma célula neuronal não indica o estado da estrutura do pensamento de um
indivíduo, ou ainda, se um neurônio morrer ou perder suas funções, não
acarretará em mudanças no funcionamento do cérebro.
Na sociologia, por mais que se analise o comportamento
de uma pessoa de forma isolada, não é possível prever as ações da população. Os
mesmos princípios da Teoria Sistêmica que orientam o funcionamento das
organizações sob uma visão sistêmica estão imbricados nas ciências físicas e
biológicas e também na área tecnológica provendo base para seus entendimentos
de forma unificada. Os princípios e
aplicações da Teoria Geral dos Sistemas abrangem uma enorme gama de segmentos
das ciências: administração, ecologia, engenharias, inteligência artificial,
redes neuronais, modelagem, enfim, inúmeros segmentos podem basear-se nos preceitos
desta Teoria.
2.3 Leis Universais dos Sistemas
Na Teoria Geral de
Sistemas podem ser identificadas determinadas regras, normas ou leis comuns a
todos os sistemas, que independem da área do mesmo, pode-se afirmar que todo
sistema respeita tais leis.
ü
“Todo
sistema se contrai, e é composto de subsistemas, o que ocorre infinitamente”.
Os elementos de um sistema
são também sistemas, se utilizarmos novamente o automóvel como exemplo, pode-se
dizer que o motor é um sistema.
ü
“Todo
sistema de expande, ou seja, é parte de um sistema maior, o que ocorre
infinitamente”.
O automóvel é parte
integrante de outro sistema maior; de tráfego, que por sua vez pode ser
considerado subsistema de uma cidade e assim infinitamente.
ü
“Quanto
maior a fragmentação do sistema (ou seja, o número de subsistemas), maior será
a necessidade para coordenar as partes”.
Desta maneira pode-se
dizer que é mais fácil visualizar um menor número de sistemas e entender sua
integração; por esta razão, sugere-se agrupar elementos em um número arbitrário
de subsistemas.
ü
Homeostase
Os sistemas procuram seu
auto-equilíbrio, se um segmento do sistema não está funcionando corretamente,
os outros deverão procurar o equilíbrio, e assim o sistema atingirá seu
objetivo.
ü
Sinergia
As partes de um sistema
interagem interligadamente para gerar algo maior, o que não se conseguiria
isoladamente. Pode-se dizer ainda que a resposta esteja na integração entre as
partes, pode gerar algo novo.
A abordagem sistêmica é uma
forma de resolver problemas sob o ponto de vista da Teoria Geral de Sistemas,
as soluções podem surgir ao observar-se um problema como um sistema. Para
beneficiar-se da abordagem sistêmica deve-se:
ü
Dividir
determinado problema em outros menores;
ü
Identificar
todas as partes do sistema, neste caso, alguns detalhes das partes podem fazer
a diferença;
ü
Atentar
para detalhes;
ü
Olhar
de forma holística;
ü
Fazer
analogias.
Senge (2000)
afirma que o pensamento sistêmico é uma mudança de paradigma, herdado dos filósofos
da revolução científica do século XVII como Descartes, Bacon e Newton, que se
contrapõe ao pensamento reducionista-mecanicista. Foi criado para entender um
sistema e tornou-se fundamental para o convívio social, para o trabalho
familiar, para a descentralização política, para propostas de desenvolvimento
sustentável e liderança nas organizações.
Teve seu
início no século passado, com a mudança de paradigma do pensamento linear para
o pensamento sistêmico. O pensamento linear simplifica a realidade, como se as
perguntas possuíssem somente uma resposta. Apesar de anteceder o pensamento
sistêmico, é um conceito necessário e fundamental para algumas áreas do
conhecimento que necessitam de uma abordagem de causa e efeito. Ocorre que esta
abordagem não é suficiente nos casos que envolvem sentimentos e emoções. Ou
seja, não é capaz de tratar e entender a totalidade da vida humana. Assim,
surgiu o pensamento sistêmico ou holístico que admite que as perguntas não
possuam apenas uma resposta. Aliás, geralmente, possuem várias respostas e que
muitas vezes são até contraditórias.
O conceito
evoluiu de tal maneira que já temos computadores que estão sendo projetados
para “pensar” de uma forma não linear, copiando os seres humanos na sua
habilidade de pensar sistemicamente. Tomar uma decisão sem ter a visão do todo
pode gerar decisões unilaterais, isoladas e pouco efetivas. Daí precede a
necessidade de melhorar nossa capacidade de compreender o encadeamento das
ações e dos elementos dentro de uma organização, treinando nossa habilidade de
observar e gerando uma visão sistêmica.
Segundo ainda o autor, os paradigmas da
ciência segundo o pensamento sistêmico são descritos através dos pressupostos
da simplicidade, da estabilidade e da objetividade. O pressuposto da
simplicidade parte da crença que, separando-se o mundo complexo em partes,
encontram-se elementos simples, em que é preciso separar as partes para
entender o todo. Daí decorre, entre outras coisas, a atitude de análise e a
busca de relações causais lineares.
O pressuposto
da estabilidade parte da crença de que o mundo é estável. Ligados a esse
pressuposto, estão a crença na determinação – com a conseqüente previsibilidade
dos fenômenos – e a crença na reversibilidade – com a conseqüente
controlabilidade dos fenômenos. Já o pressuposto da objetividade acredita que é
possível conhecer objetivamente o mundo tal como ele é na realidade e há
exigência da objetividade como critério de cientificidade.
Os cientistas
de hoje, trabalham com múltiplas versões da realidade em diferentes domínios
lingüísticos de explicações. Assim, o pensar de forma sistêmica, permite uma
abertura para várias possibilidades (Senge, 2000)
ü
Levar
em consideração múltiplos focos, aspectos, variáveis e relações;
ü
Buscar
várias soluções combinadas para resolver um problema e aprender algo com a
situação;
ü
Gerar
várias interpretações, sem necessariamente fazer julgamentos apressados;
ü
Buscar
por alternativas que não haviam sido consideradas antes;
ü
Analisar
todas as conseqüências que podem surgir com uma decisão;
ü
Ser
capaz de projetar um horizonte mais realista;
ü
Desenvolver
a habilidade de observação;
ü
Permitir
que sejamos sempre aprendizes, independentemente da situação ser semelhante a
outras já vividas.
Não se deve abrir mão do
pensamento sistêmico, ter visão sistêmica e compreender este conceito facilita
sobremaneira a resolução de problemas em todos os segmentos; na gestão de
conflitos, no planejamento estratégico e em vários outros.
Um
PCT pode ser considerado um sistema, segundo a abordagem da Teoria Geral dos
Sistemas, e então deve haver quatro itens principais que o compõem:
ü
Um
conjunto de elementos ou subsistemas (recursos financeiros, materiais,
energéticos, humanos e de informação).
ü
Relações
entre estes elementos.
ü
Um
objetivo comum e,
ü
Um
meio-ambiente.
Cada um destes itens passa
obrigatoriamente por um ciclo de vida com as seguintes fases: aquisição, uso e
perda/disseminação. Somam-se ainda duas outras fases: planejamento e controle
(planejar significa traçar um caminho para ser seguido e controle tem a ver com
a verificação se este caminho está sendo seguido corretamente).
Assim
como num sistema, num PCT os elementos
se inter-relacionam e podem ser vistos como processos, funções ou atividades
executadas dentro do mesmo. Em certo tipo de classificação, estas podem ser
divididas em funções/atividades fins ou meio.
O meio-ambiente de um
sistema é tudo o que está fora deste; é aquilo que não pode ser controlado pelo
sistema, mas que pode ser influenciado e também influenciar através de trocas
com o sistema.
Todo sistema possui um
objetivo geral ou global, que deve ser dividido em objetivos menores
(específicos ou parciais). Isto, conforme a Abordagem Sistêmica permite um
melhor controle sobre como alcançar estes objetivos (“dividir para
conquistar”). As organizações também precisam de objetivos. Não só por serem
sistemas, mas para terem um rumo a seguir, o qual permitirá que as pessoas
saibam o que fazer e por que e para que os recursos da organização (elementos
deste sistema) possam integrar-se. Por fim, cabe ressaltar que devem ser
identificados os valores que proporcionam ou ajudam a entender melhor quem são
os atores e se está oferecendo serviços adequados.
Os PCT’s são espaços
criados com foco no desenvolvimento local, e consistem entre outros aspectos,
em agregar valor econômico à localidade, atraindo stakeholders[4] de maneira sustentável e sustentada.
Seus componentes são: recursos humanos qualificados; relações econômicas entre
produtores e clientes; circulação de informações entre agentes, instituições e
indivíduos; existência de uma estrutura institucional desenvolvida e construção
de uma identidade sociocultural facilitadora da confiança. Nesta perspectiva,
os agentes são governos, empresas, comunidades organizadas e redes produtivas
(YOGEL, NOVICK e MARIN, 2001; FISCHER, 2002) em função do desenvolvimento
sustentável.
Diante disso, a criação de
PCT’s integra diferentes cenários alicerçados em projetos
mobilizadores de instituições de educação, organizações sem fins lucrativos nas
áreas de saúde, sócio-ambientais, segurança, cultura e turismo, entidades
representativas locais, setor público, setor privado e a parceiros
investidores, como frentes prioritárias de diálogo. Estabelece-se
nesse contexto, uma rede de atores que desafia os conceitos determinísticos de
construção social, exigindo processos inovadores, criativos e eficientes de
gestão que formam redes de conhecimentos construídas para interesses comuns.
A construção de um Parque
de Inovação Tecnológica requer um processo de incubação eficaz, com mecanismos
de formação de empresas sólidas, com arrojado e concreto planejamento
estratégico. O processo de incubação é um dos mais eficazes mecanismos de
formação de empresas, prevê a implantação clara e objetiva das empresas dentro
dos critérios do Parque Tecnológico. Esta geração, sistêmica e sustentada de
empreendimentos chamada Parques de Inovação Científica e Tecnológica garante
ciência e tecnologia continuada, além das metodologias e práticas de gestão.
Concentram-se em políticas de desenvolvimento que só se tornam eficientes
quando partem de pressupostos baseados em inovação e conhecimento direcionados
para o desenvolvimento econômico. Fundamentam-se no desenvolvimento regional
local, gerando processos contínuos de articulação política e social com bases
numa economia eficiente e competitiva, e relativa autonomia das finanças
públicas, combinado com a conservação dos recursos naturais e do meio ambiente
(BUARQUE, 1991).
Os princípios
gerais da geração de um Parque Tecnológico, segundo a ABDI[5]
aliam
três principais objetivos:
ü Estimular e
gerenciar o fluxo de conhecimentos e de tecnologias entre universidades,
instituições de P&D[6],
empresas e mercados.
ü
Facilitar a criação e o crescimento de empresas de base
tecnológica por meio da incubação e da geração de spin-off [7].
ü
Fornecer outros serviços de valor agregado, bem como:
- Espaços e serviços de apoio administrativo;
- Apoio à gestão estratégica do negócio;
- Serviços de capacitação;
- Acesso ao financiamento, capital semente e de risco (venture capital);
- Consultoria em propriedade intelectual;
- Laboratórios;
- Incubação de empresas.
Os efeitos da
criação desse centro “inteligente”, baseado na sustentabilidade social,
econômica e ambiental, extrapolam a curiosidade científica e alcança a
capacitação das futuras gerações para enfrentar o desenvolvimento equilibrado,
a produção de riquezas e a agregação de valor, fazendo frente a estatísticas
americanas e européias, onde a taxa de mortalidade de empresas que passam pelo
processo de incubação é reduzida de 70% para 20%, detectado entre empresas
nascidas fora desse ambiente.
Os resultados esperados
dentro desses ambientes estão diretamente ligados à atuação sinérgica e alinhada
do perfil inovador do Parque e seu contexto socioeconômico.
Assinalam-se seis itens
que promovem resultados positivos no processo de Inovação e Tecnologia,
referentes aos Parques:
1.
Criação
de uma marca forte em gestão estratégica da inovação, reconhecida pelos
parceiros e clientes;
2.
Ampliação
das ações do Parque nas áreas necessárias e portadoras de futuro para o
crescimento local;
3.
Criação
e estímulo à formação de novos negócios, atração de talentos e novas
oportunidades de trabalho e renda;
4.
Geração
de um portfólio de clientes e parceiros com potencial de indução de novos
projetos junto;
5.
Desenvolvimento
de um pensamento estratégico para inovação (missão e visão) e;
6.
Busca
de oportunidades para inovação tecnológica.
Entretanto para o
aproveitamento racional e sustentável dos recursos do Parque, observam-se
quatro características fundamentais:
1) O estímulo ao
empreendedorismo (melhor aproveitamento da capacidade empreendedora da
comunidade ou estímulo ao seu surgimento);
2) O apoio às formas de
organização e de fortalecimento da sociedade civil (promoção do capital social)
e;
3) A melhor articulação
das políticas públicas com os eixos e potenciais de desenvolvimento
identificados (LUSTOSA, 2002);
4) A participação
financeira e gestora dos investidores sociais privados e públicos.
Courson (1997) diz que Parques de Inovação visam
estabelecer posicionamentos diferenciados, sustentáveis e competitivos na
região implantada. Ao tratar inovação como um conjunto de atividades
relacionadas cujos resultados são freqüentemente incertos, envolvendo um
considerável grau de risco, Schumpeter (1982), estabelece a conexão entre a
inovação e o desenvolvimento, relacionando o papel da ciência, e da tecnologia
com o aumento da competitividade e a produtividade.
No Brasil, os PCT’s
surgiram na década de 80, seguindo uma tendência mundial. De acordo com a ANPROTEC[8],
em 2004 existiam 39 parques tecnológicos no país, em operação, em fase de
implantação e projeto. Um dos motivadores desse processo é o fechamento
prematuro de empresas, por diversos fatores socioeconômicos, mas
particularmente pela falta de planejamento e competências no setor de gestão
estratégica. Deparamo-nos com ambientes provenientes de uma herança
socioeconômica flutuante e pouco estimuladora de negócios sustentáveis. Porém
numa visão global, Giddens (1990), e sua visão sociológica do ambiente em que
vivemos, onde o "natural e o social" se confundem na prática e na
ética da vida social, estimula uma reflexão sobre os valores determinantes da perspectiva
de sucesso dos PCT’s no Brasil.
Vive-se uma fase de
transição, onde se começa a perceber que as atividades econômicas outrora
lucrativas não podem conduzir a um futuro próspero, sem pensar num “capitalismo
natural”. Tal percepção já esta impulsionando a próxima revolução na indústria.
(HAWKEN, LOVINS, LOVINS HUNTER, 1999).
Dentro desse contexto, a
criação do PNI[9]
apresenta-se como uma importante iniciativa para a promoção do desenvolvimento
tecnológico e da inovação nas micro e pequenas empresas, ao estimular
iniciativas de instalação e consolidação de incubadoras e parques nas várias
unidades da Federação. Desde 2004,
a ANPROTEC em parceria com empresas privadas, governo e
o SEBRAE, contribui significativamente para a disseminação do conhecimento
adquirido pelos trabalhos desenvolvidos no setor, praticando eventos anuais de
norte a sul do Brasil. Essa iniciativa visa ampliar a visibilidade não só do
setor de incubadoras de empresas e parques tecnológicos, mas também para o
avanço da inovação brasileira e aumento da competitividade nacional.
2.6 Pressupostos para a construção de
PCT’s
A inovação contínua e bem
sucedida de organizações japonesas está pautada na habilidade para criar e
administrar o conhecimento. Nonaka (1991), Nonaka e Takeuchi (1997) definem a
criação de conhecimento em uma organização como sendo a habilidade para gerar
conhecimento novo e incorporá-lo em outras inovações. Ou seja, faz com que uma
nova idéia seja incorporada à visão da organização, passando a ser uma
expressão das aspirações da administração executiva e das metas estratégicas da
corporação, alimentando, assim, o potencial para a construção da sua rede de
conhecimentos.
Nonaka e Takeuchi (1997)
afirmam que o conhecimento organizacional é a capacidade de uma empresa de
criar um novo conhecimento, difundi-lo na organização como um todo e
incorporá-lo a produtos (ou serviços) e sistemas (processos). Criar
conhecimento em uma organização significa harmonizar o trabalho de criação com
a disseminação e a incorporação nos produtos, serviços e sistemas. A dinâmica
da criação do conhecimento na organização exige a interação entre essas duas
formas de modo repetido, num processo de evolução espiral, que se desenvolve em
três níveis: indivíduo, grupo e organização.
Os padrões de produtividade
e competitividade sofreram importantes transformações nos últimos 35 anos,
estas motivadas por uma “revolução informacional”. Este novo modelo considera
informação e o conhecimento como diferenciais essenciais e competitivos, assim
o processo de educação e aprendizagem assume um importante papel para o
desenvolvimento das competências. Neste novo modelo, o foco passa a ser o
gerenciamento do conhecimento.
Assim, a gestão do
conhecimento emerge justamente para que as organizações passem a valorizar esse
ativo intangível de vital importância. DRUKER (1993) define o conhecimento
necessário para a organização, como aquele capaz de dotar de relevância e
propósito os dados existentes, transformando-os em informação valiosa para o
negócio. O mesmo autor afirma que na medida em que as organizações se
conscientizam da importância de se converter dados em informação (não somente
controle) nota-se uma transformação na forma de se trabalhar.
Nonaka e Takeuchi (1997)
baseiam-se na identificação do conhecimento tácito, o que é adquirido pelos
construtos pessoais, como o elemento primordial na geração do conhecimento,
enfatizam que a relação direta do conhecimento com o indivíduo e,
conseqüentemente, com as ações humanas, que envolve a criação de um ambiente
propício ao desenvolvimento de determinados atributos como autonomia, interação
entre ambientes, compartilhamento e acessibilidade às informações.
Inovação pode
ser conceituada como conjunto de atividades relacionadas cujos resultados são
freqüentemente incertos, estando envolvido um considerável grau de risco. Schumpeter (1982) estabelece a conexão
entre a inovação e a sociologia quando se refere ao papel que a ciência,
tecnologia e a inovação podem ter no sentido de aumentar a competitividade e a
produtividade dos Sistemas Locais de Produção e da região, de forma que, seja
assegurada a relação coletiva entre o meio ambiente e os principais interesses
dos atores. Os aspectos relacionados à inovação
tecnológica envolvem uma temática ampla; conforme citado anteriormente, PCT’s
são empreendimentos inovadores, principalmente se levarmos em conta o cenário
local e a participação da comunidade no interesse do empreendimento.
Santiago e Santiago Jr
(2007) corroboram com a idéia quando comentam que a inovação pode ser considerada
um dos pilares da gestão do conhecimento, por ter como fundamento básico a
busca de novas soluções a partir da criação de novos conhecimentos. Definem-na
como a geração de novas idéias que aumentem a eficiência e a eficácia na
identificação e na implementação de novos produtos, de novos serviços, de
habilidades avançadas, de atividades de melhorias e das melhores práticas que
propiciem ganhos econômicos. Mas também lembram que há certa dificuldade em se
valorizar as contribuições das ações voltadas para inovação no que diz respeito
à efetiva criação e disseminação de conhecimento em uma organização (Capra,
2002). Talvez essa dificuldade esteja atrelada à necessidade de a inovação e os
conceitos que a cercam estarem incorporados de forma sistêmica e constante aos
processos e culturas.
Assim, a inovação
possibilita que se criem novos conhecimentos e informações sobre determinado
tema, deste modo pode-se dizer que o ciclo de geração de conhecimento inicia-se
pela necessidade de mudanças, que a coloca como elemento ativador do ciclo dos
sistemas de construção da base do conhecimento.
3. Discussão
3.1 Sistemas complexos
A crença
segundo a qual em todo sistema o comportamento do todo pode ser entendido
inteiramente a partir das propriedades de suas partes é fundamental no
pensamento cartesiano. Esse foi o método analítico de Descartes: a compreensão
do todo pode ser obtida da análise das partes. O grande impacto da ciência do
século XX foi a percepção de que os sistemas não podem ser entendidos pela
análise linear de suas partes. As propriedades das partes não são propriedades
intrínsecas, só podem ser verdadeiramente entendidas a partir da compreensão do
todo e suas partes, junto ao contexto. O pensamento sistêmico não linear
estendeu-se além dos blocos de construção básicos, para os princípios coerentes
com a natureza que sustenta as estruturas conceituais materiais e sociais que
ergueram as futuras gerações institucionais. (PALLAZO, 2000)
Abandonando a concepção sistêmica cartesiana dos
sistemas lineares, nos deparamos com um conjunto de objetos estudados que se
inter-relacionam e divergem entre si na sua relação de causa e efeito. Nesse
caso a resposta obtida dos processos não é necessariamente proporcional. Esta é
a categoria de sistemas que serve de objeto à teoria do caos, mais conhecidos
como sistemas dinâmicos não-lineares. Essa reflexão nos encaminha para os sistemas
complexos, um mundo de transições de fase, de mudanças de rumos e
comportamentos, que fogem da ordem, e denotam processos caóticos. Muitas vezes
observamos esses cenários em diferentes formas organizacionais, particularmente
nos processos associados a modelos não-lineares, organizados de modo a
considerar a diversidade com característica institucional.
Ainda para Pallazo (2000), a emergência do pensamento
sistêmico representou uma profunda revolução na história do pensamento
científico ocidental. O autor reflete a visão sistêmica da vida na
contemporaneidade de maneira contextual, que por sua vez é o oposto do
pensamento analítico, trazendo a tona questões fundamentais de sustentabilidade
para as organizações da Era do Conhecimento, quando questiona o pensamento
sistêmico, referindo-se a necessidade de diferentes áreas do conhecimento para
compreender o avanço decisivo da concepção sistêmica. A relação com a complexidade é um tema que
relaciona com da compreensão do tecido de acontecimentos, ações, interações,
retroações, determinações, acasos, que constituem o mundo dos Parques
Tecnológicos com necessidade de intensa de gestão do conhecimento, para pôr
ordem, selecionar, distinguir, e relacionar os elementos de estudo.
Segundo Capra (2002), um sistema complexo como aquele
que não é possível empregar métodos reducionistas para sua interpretação ou
compreensão. Se um determinado domínio é complexo ele será, por definição,
resistente à analise. Nesse sentido na complexidade busca-se uma visão capaz de
transcender ao reducionismo, permitindo a modelagem de sistemas que apresentam
características indissociáveis do todo sem a perda de parte do significado
original.
Dessa maneira, falar de sistemas complexos suporta uma
definição de área de conhecimento que com certeza tem um caráter
interdisciplinar envolvendo outros temas muito importantes que diferentes
autores denominam de síntese teórica das ciências, baseada na natureza dos
sistemas vivos.
3.2 Parques Científicos e Tecnológicos
como sistemas complexos de desenvolvimento regional
Um dos grandes questionamentos nos
processos dos sistemas complexos é a sua adaptação e suas características da
auto-organização. A pergunta é “de onde vem a ordem?” A organização surge
espontaneamente a partir da desordem e não parece ser dirigida por leis físicas
conhecidas. Compreendemos que na necessidade de alguma forma de ordem, surgem
interações entre as unidades componentes e as leis que podem governar este
comportamento não são bem conhecidas.
Esta corrente de pensamentos agrega à
teoria a criação de novas estruturas e de novos modos de comportamento no
processo auto-organizador. Esta corrente defende que nos processos
auto-organizadores ocorrem três características que não são consideradas. A
primeira, a criação de novas estruturas e novos modos de comportamento, de
aprendizagem e de evolução. Outra característica, a segunda, nos modelos de
auto-organização, todos lidam com sistemas abertos que operam afastados do
equilíbrio. É necessário um fluxo constante de energia e matéria através do
sistema para que ocorra a auto-organização. A surpreendente emergência de novas
estruturas e de novas formas de comportamento, que é a marca principal da
auto-organização, ocorre apenas quando o sistema está afastado do equilíbrio.
Uma terceira característica da auto-organização, que é comum a todos os
modelos, é a interconexidade não-linear dos componentes do sistema. Resumindo
essas três características dos sistemas auto-organizados, podemos dizer que a
auto-organização é a emergência espontânea de novas estruturas e de novas
formas de comportamento em sistemas abertos, afastados do equilíbrio,
caracterizados por laços de realimentação internos descritos de modo
não-lineares.
Pallazo (2000) diz que onde quer que
encontremos sistemas vivos, organismos, parte de organismos, ou comunidades de
organismos, pode-se observar que seus componentes estão arranjados á maneira de
rede. Sempre que olhamos para a vida, olhamos para redes. Reconhecendo a rede
como um padrão geral da vida, os pensadores sistêmicos estenderam modelos de
redes a todos os níveis sistêmicos.
Para Martinho (2203) a figura da rede é
a imagem mais própria para designar ou qualificar sistemas, estruturas, ou
desenhos organizacionais caracterizados por grande número de elementos
dispostos espacialmente e ligados entre si.
Nesse caso, podemos nos aproximar do conceito de Parques Tecnológicos,
definidos inicialmente como um conjunto ou agrupamento de organizações com o
mesmo interesse que se ligam por meio de uma estrutura gestora com propriedade
de desenvolvimento.
Diante do fato de que a rede pode gerar
laços de realimentação, elas podem adquirir a capacidade de regular a si
mesmas. Uma comunidade de comunicação pode aprender com seus erros, pois as
conseqüências de um erro se espalharão por toda a rede e retornarão para a
fonte ao longo de laços de realimentação (Pallazo, 2000). Desse modo a
estrutura pode corrigir seus erros, regular a si mesma, e organizar-se em si mesma. Outra concepção
importante sobre o fenômeno das redes é a sua diferenciação em relação a
hierarquia.
A capacidade de operar sem hierarquia
parece ser, assim, uma das mais importantes propriedades distintivas da rede,
que tem como característica organizacional a horizontalidade. A horizontalidade
é um aspecto decisivo quando consideramos a rede como um padrão organizativo e
um modo de operação de caráter emancipatório (Martinho, 2003). Outra
característica derivada da horizontalidade, e, portanto, da negação da
hierarquia, é não-centralidade, na morfologia de uma rede não há centro. Essa questão
revela nas organizações horizontais como Parques Científicos Tecnológicos o
desenvolvimento compartilhado de interesses estratégicos como diferenciação
competitiva, contribuindo para a compreensão dos sistemas complexos em função
do avanço das estruturas sociais.
4. Considerações FINAIS
Relacionando a Teoria Geral dos Sistemas, pode-se
considerar os Parques Tecnológicos como sistemas vivos formados por redes
complexas que se recombinam e interligam-se continuamente, cooperando e
compartilhando interesses estratégicos de
produção de riqueza. As relações sociais na atualidade se formam em
rede, dando origem a uma nova economia, estruturada em torno dos fluxos de
informação, poder e riquezas financeiras.
Essa nova economia consiste numa meta – rede global de
interações complexas que envolvem múltiplos processos de realimentação que
operam e produzem uma variedade infinita de fenômenos dentro de uma mesma
compreensão sistêmica. Assim, pode-se considerar que os Parques de Inovação
funcionam numa dinâmica de multiplicidade de fontes que estão constantemente a
reagir a um dilúvio de anseios que muitas vezes escapam ao controle gerencial.
Esses organismos vivos, como ecossistemas possuem, flexibilidade, potencial
criativo, capacidade de aprendizado que respondem as necessidades das
organizações, gerando significados que afirmam a liberdade de recriação
continua correspondendo a processos de mudança com impactos sociais
significativos para a sociedade.
Após analisar os conceitos de abordagem sistêmica
pode-se verificar que os PCT’s apresentam condições e elementos que se compõem
como um sistema complexo e que podem ser explicitados através do seguinte:
üGeneralização: A abordagem
sistêmica possibilita a ampliação das idéias e teorias de uma área de
conhecimento para outra, a partir de uma perspectiva mais ampla. Nos PCT’s os
vários atores que o compõe provocam a criação, a explicitação e a disseminação
do conhecimento.
üSimplificação: A abordagem
sistêmica oferece uma simplificação a partir da compreensão e atenuação da
complexidade. No caso dos PCT’s a contínua troca de conhecimento, permite a
simplificação.
üIntegração: Nesse caso, um dos
objetivos da abordagem sistêmica é assegurar que os subsistemas trabalhem
juntos e contribuam aos objetivos do sistema como um todo. Para os PCT’s isso
fica claro a partir do momento em que o objetivo dos mesmos é unir forças em
prol do conhecimento e desenvolvimento da comunidade a qual está inserida.
üOtimização: As relações entre
os sistemas demandam que os indivíduos considerem como suas ações afetam o bem
estar dos outros, o que é nada mais nada menos o objetivo principal dos PCT’s,
a otimização dos recursos sustentáveis e renováveis.
üAvaliação: A abordagem
sistêmica apresenta uma série de métodos de mensuração e avaliação, nos PCT’s
os projetos e ações devem ser constantemente avaliados e verificados, para
certificar-se de sua viabilidade.
üPlanejamento: É o meio mais
efetivo de enfrentamento da complexidade, o que nos PCT’s é uma condição sine qua non para sua existência.
üControle: As organizações são
sistemas abertos e não podem ser controlados facilmente. Deve-se aprender a
conviver com controles que por sua vez contenham incentivos e motivadores para
garantir que o sistema se mova em direção aos objetivos estabelecidos.
Os PCT’s apresentam características de sistemas
complexos, como no mundo em que vivemos, onde as pessoas sentem que os fatos
que lhes dizem respeito estão de tal modo, interligados, que se um deles for
modificado, todos os outros sofrerão de imediatos as conseqüências, como num
castelo de cartas. A velha concepção dinâmica do universo como uma linha de
causas e efeitos não parece, portanto, fazer jus à complexa realidade do mundo
atual. É necessário buscar novos meios de entendimento, em poucas palavras é
preciso repensar o que um fenômeno significa e que relação é possível com
aquele que o observa.
5.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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[1] Doutorado na França em "Ergonomie de
l'Ingenierie" pelo "Conservatoire National des Arts et Metiers"
(1985) - França e pós-doutorado em "Ingenierie Cognitive" pela
"École Polytechnique de Montréal" - Canadá. Atualmente é professor
titular do Departamento de Engenharia do Conhecimento da Universidade Federal
de Santa Catarina.
[2] Graduada em Administração. Mestranda
na área de Gestão do Conhecimento do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e
Gestão do Conhecimento (PPEGC) da Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC).
[3] Bacharel em Administração, Licenciatura em Letras
(URI), Licenciatura em Ciências Administrativas, Sociológicas e Agrárias
(CEFET), Mestre em Administração (UFSC), Doutorando em Adminsitração (UNAM)
[4]
Stakeholder: parte interessada ou interveniente,
refere-se a todos os envolvidos num processo, por exemplo, clientes,
colaboradores, investidores, fornecedores, comunidade.
[5]
Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial.
[6]
Pesquisa e Desenvolvimento.
[7] Spin-off termo utilizado para
descrever uma nova empresa que nasceu a partir de
um grupo de pesquisa de uma empresa, universidade ou
centro de pesquisa público ou privado, normalmente com o objetivo de explorar
um novo produto ou serviço de alta tecnologia. É comum que estas se estabeleçam
em incubadoras de empresas ou áreas de concentração de empresas de alta
tecnologia.
[8]
Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores.
[9]
Programa Nacional de Apoio às Incubadoras de Empresas e Parques Tecnológicos.
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