Apagão da Mão-de-obra (?) - Da
educação à cidadania
Gisley Francisco Baretta (Universidad
Nacional de Misiones) gisley_87@hotmail.com
Resumo:
Considerando-se que, na sociedade dividida em classes, se encontra o
trabalho intelectual separado do trabalho manual, haverá separação entre o
campo e a cidade e o ensino também serão separados do trabalho – como termos
antagônicos, inclusive. A escola, enquanto estrutura na formação do homem
dividido, nasce historicamente dentro das classes possuidoras do domínio
social, enquanto estrutura exclusiva para a sua própria formação, não existindo
para as demais classes. O que surge são culturas diferentes para escola e
trabalho e, utilizando uma expressão marxiana, a escola se coloca frente ao
como “não-trabalho” e o trabalho se
coloca frente à escola como “não-escola”.
Palavras chave: Capital Social,
Desenvolvimento Local Sustentável, Capital Social, Organizações Intensivas em
Conhecimento.
WorkforceBlackout (?) - from education to citizenship
Abstract
Once that, in a
society divided in classes, intellectual work is considered apart from manual
work, there will be separation between country and city and teaching will be
considered apart from work as well – even as opposite terms. School, as a
structure in the formation of the multifaceted man, is historically born within
socially dominant classes and does not exist for the other ones. What raises
are different cultures for school and work and, using a Marxist expression,
school is put opposite to work as “non-
work”, while work is put opposite to school as “non- school”.
Key-words:
School,
work, citizenship.
Neste limiar do
século XXI podemos perceber modificações profundas na economia mundial e nas
relações estabelecidas entre aqueles que produzem o conhecimento e a sociedade,
bem como na forma que se apresentam os cenários no mundo do trabalho.
O capitalismo torna-se
transnacional já que o se capital tem des-territorializado, ou seja, “sem
pátria”. As mudanças na produção econômica têm levado a profundas modificações
nas relações de trabalho, acenando para novas exigências de qualificação. Isto
em termos mais aplicáveis à população em geral, chamamos de globalização.
Outra
característica relevante é o fato de que a máquina agora não vem substituir só
músculo, mas também o celebro humano. Este capital humano, passa a ser mais
exigido no que tange aos conhecimentos prévios do que irá desempenhar. Se por
um lado, facilita o trabalho em nossos tempos, por outro, não se podem prever
as conseqüências desencadeadas neste processo.
Cresce o número de
organizações que investem recursos para a criação de universidades corporativas,
buscando a sua própria formação e de seus colaboradores. Vale ressaltar, que
para muitos, o motivo principal desta nova opção de capacitação e treinamento,
é porque o modelo atual de ensino universitário está deixando uma enorme lacuna
no processo ensino-aprendizagem, onde as instituições de ensino superior estão
ofertando a formação acadêmica tradicional da escolarização, focando apenas a
academia – distanciada da compreensão vivencial e sua aplicabilidade nos mais
variados segmentos da formação superior.
As mudanças
radicais na natureza do trabalho, os novos paradigmas de competitividade no
Brasil, as pressões competitivas em cada negócio e o novo paradigma na gestão
do conhecimento são as principais razões que justificam a necessidade de as organizações
estarem repensando a gestão dos seus recursos como diferencial competitivo.
Por sua vez, os
dirigentes empresariais tendem a descartar modelos e teorias ultrapassadas,
como os antigos paradigmas tayloristas e militaristas que levaram á repressão,
à (dês) humanização da relação no trabalho, à “robotização” dos membros das
equipes e à desmotivação. A abertura econômica no Brasil chega como nos outros
países, devastando o emprego; emergente um novo vocábulo – empregabilidade
(sinônimo de segurança na atividade laboral).
2 –
Metodologia
Quanto à escolha de procedimentos sistemáticos para a descrição e explicação das análises deste
estudo, trata-se de um
campo de estudo em formação que demanda um debate conceitual e metodológica
alicerçado no novo paradigma contemporâneo, que é o da visão sistêmica da
sociedade e indivíduo. Segundo Vasconcelos (2003), para tratar de visão
sistêmica, é preciso considerar um conjunto de componentes metodológicos que
também podem ser considerados estratégicos na totalidade. O
estudo interpreta dados sobre a formação do individuo instrumentalizada pela
capacidade da educação, referenciados pela literatura atual. Assim, o
raciocíneo apresentado indica, aproxima e permite mensurar as características,
mudanças e objetivos de um processo, sistema ou organização (DEPONTI, 2002).
3 – Desenvolvimento
3.1 Empregabilidade: educação na geração de oportunidades
O mundo do trabalho apresenta um quadro
desalentador. Suas profundas modificações implicam com vários problemas
sociais, principalmente o desemprego, os quais se somam aos que a nossa
sociedade acumulou durante anos, ou seja, ao atraso politicamente organizado,
no que se refere a necessidades sociais
básicas.Os trabalhos repetitivos, feitos por operários treinados, são gradativamente
substituídos por equipamentos avançados e complexos, exigindo um profissional
com nível de escolaridade para trabalhar com tais equipamentos.
Em face deste
quadro, quando a referencia é automação industrial, as novas habilidades
requeridas pela empresa, em termos de formação profissional e de educação são:
quanto a formação profissional, a tendência é exigir: em termos de atributos –
raciocínio lógico, concentração, conhecimento técnico geral, coordenação
motora, destreza manual, habilidade, para aprender; em termos de conhecimentos
– eletrônica, informática, geometria, mecânica, manutenção, etc. alinhado à
experiência vivencial e sua aplicabilidade. Proporcionar educação profissional
de qualidade à indivíduos com diferentes histórias de vida, níveis de
escolaridade, necessidades e aspirações, preparando-os para um mundo de
trabalho, que está em constante mutação, requer uma educação para a autonomia e
para uma aprendizagem permanente e cotidiana que tenha flexibilidade, valorize
a diversidade e contextualize o ensino e se dê a aplicabilidade e o foco para a
geração de oportunidades.
Essa tarefa vai
requerer educadores com uma postura inovadora, flexível e criativa, aberta á
investigação de novas formas de condução da aprendizagem e, acima de tudo, a capacidade
de se libertar dos resquícios de todo um arcabouço legal que pretensamente
definia, ordenava, regularizava e igualava tudo. Assim de toda uma tradição de
ensino, centrada na transmissão de conteúdos e, na também pretensa
infalibilidade do professor de uma relação autoritária escola-professor-aluno,
não compassiva, excludente e na contra-mão da necessidade do mercado. É urgente
abandonar a “educação da exclusão para o
trabalho”, na qual o papel do professor é, na maioria das vezes, separar os
bons dos fracassados, sem qualquer responsabilidade com relação ao futuro
daqueles que não conseguem êxito, que iniciar a construção, de uma escola,
principalmente a pública, que seja capaz de melhorar a vida das pessoas e a
realidade social, com vistas ser mais realista e empreendedora.
É necessário
preparar nossos estudantes para serem profissionais que possuam as condições
básicas e especificas para inserção e permanência no mundo do trabalho, seja
como assalariado, seja trabalhador autônomo ou como empreendedor. Para isso,
devem ser desenvolvidas as competências básicas, cada vez mais requeridas não
somente no exercício profissional, mas na própria vida em sociedade e que estão
relacionadas com habilidades e atitudes, tais como: pensar estrategicamente,
desenvolver atitude científica na resolução de problemas, dispor-se a aprender
continuamente, ser autônomo, ser criativo e ter atitude positiva frente ao
inusitado, selecionar e gerenciar informações, interelacionando-as.Já as
competências, especificam para o exercício de uma atividade produtiva e
precisam ser desenvolvidas, objetivando o domínio das técnicas, dos métodos e
dos processos de produzir e fazer, relacionados ás diversas áreas
profissionais, possibilitando diferentes itinerários que serão refinados em
percursos variados a serem aperfeiçoados ao longo da vida produtiva de cada
individuo. Preparar as pessoas para trabalho e não apenas para o emprego será o
desafio da educação profissional, sem perder o foco do empreendedorismo, quer
seja na atividade laboral em negócios próprios ou de terceiros.
As instituições
educacionais deverão manter um olhar perscrutador e um diálogo permanente com
mundo produtivo, buscando não só adequar permanentemente a formação
profissional que oferece, como também antecipar demandas e influir no processo
de construção de novas tecnologias e novas formas de fazer, por meio da
pesquisa, do intercâmbio, das trocas e da cooperação institucional. Hoje, uma
das prioridades da sociedade é a educação profissional, que obteve recentemente,
pela primeira vez na história um capítulo especial na lei de Diretrizes e Bases
da Educação e vem sendo discutida por diversos setores da sociedade brasileira,
sendo objeto de uma reforma que visa a ampliar sua oferta e mobilizar as
instituições ofertastes para que estas se reordenem e respondam com agilidade e
pertinência ás demandas apresentadas pelos indivíduos, pela sociedade e pelo
mundo do trabalho.
Para atender as
exigências da reforma da educação profissional e, além disso, constituírem-se
como centros de referencia para os demais sistemas, essas escolas deverão
traduzir as demandas oriundas concretas e, principalmente, inovadoras, o que
pressupõe a mudança da própria cultura institucional. Essas medidas se referem
á abertura dinâmica e permanente da escola, tanto para as necessidades e
expectativas dos indivíduos e da sociedade, como para as demandas do setor
produtivo. Refere-se também á adequação técnica pedagógica e á imprescindível
reformulação de sua gestão. A educação
profissional assume papel relevante no enfretamento desses desafios e,
associada á universalização de uma educação básica de qualidade, alinhada a
modernidade do ensino de terceiro grau, surgem como fator fundamental na
promoção do crescimento econômico e do bem-estar social. É estratégia não
somente como resposta às crescentes exigências por maiores níveis de
escolaridade e qualificação dos trabalhadores oriundas do mundo do trabalho,
mas também, como instrumento de inclusão social, que amplie as possibilidades
de inserção de todos os indivíduos na economia, tanto como consumidor quanto
como produtores de bens, mercadorias e serviços.
Para a grande
maioria da humanidade, o trabalho ainda é a porta para sua inserção na
sociedade e também serem vistos como verdadeiros cidadãos, que geram e produzem
o seu próprio sustento. Assim sendo, buscam com suas próprias forças a
dignidade e o prazer de viver. É importante destacar que sejam oferecidas
oportunidades aos jovens, para que ingressem imediatamente a cursos que
possibilitem ter uma profissão a fim de alavancar recursos para o custeio do
ensino superior e a sua própria manutenção. Parece que se faz necessário
entender a escola, além de suas dimensões físicas. Só assim ela será um agente
de transformação. Ela precisa derrubar alguns muros que a separam da sociedade.
Enquanto a escola ficar apenas aparando as arestas, a sociedade necessita de
medidas mais profundas, que possam esculpir uma nova obra. Esta escola
desenvolve todo seu trabalho embasado num conjunto de ações, tornando-se num
elemento importante para o desenvolvimento do ser humano profissional: “a Escola que educa o individuo, que educa a
sociedade, que educa as organizações e a escola que se educa.”
É mistér que a
educação profissional oriente para o trabalho e não para o emprego, bem como,
estimule para que sejam empreendedores; para ser empreendedor, é necessário
entender de todas as etapas de seu negócio. Por outro lado, devo ser
empreendedor no negocio de outras pessoas, pois quando trabalho para elas, devo
realmente fazer com eficiência e eficácia. Ser empreendedor não significa,
também, ser dono do seu negocio. É preciso ter a convicção de estar fazendo da
melhor maneira o que os outros ainda não souberam fazer.
Quando à educação
geral, esta também deve estar sintonizada com demandas. Basicamente, as novas
exigências seriam: em termos de
atributos- conhecimento oral, comunicação escrita, relacionamento com
vários níveis hierárquicos, aspiração profissional; em termos de conhecimentos – conhecimento geral, processo global de
fabricação, gestão da produção e estatística e empreendedorismo com
responsabilidade social.
3.2 L.D.B 9395/96 e sua faceta profissionalizante
Objetivando-se
adequar a educação ás mudanças do processo produtivo vigente muda-se a
legislação de ensino com a implantação da L.D.B. 9394/96, redimensionando as
praticas educacionais, até então utilizadas, para que estas acompanhem as
transformações que perpassam a nossa sociedade.
Atualmente,
exige-se um profissional com maior flexibilidade, novas habilidades, capaz de
se relacionar e se comunicar socialmente com mais eficácia, além de ter
conhecimento de outra língua, domínio da informática e das novas tecnologias
que se ampliam e avançam velozmente. Saber trabalhar em equipe, com iniciativa,
entusiasmo, criatividade e, principalmente, são pressupostos indispensáveis.
Portanto, está claro que o mundo do futuro, exigirá muita educação e
profissionais polivalentes, “multifuncionais”,
alertas, curiosos – pessoas que se comportam como alunos interessados o tempo
todo. Os locais de trabalho e a própria casa parecerão escolas, onde se estuda
e se aprende de forma continuada. Para atender esse requisito, deve-se buscar o
estabelecimento da integração entre as formas de educação geral e profissional,
através de articulações que favoreçam á integração dessas duas modalidades.
Assim, não se pode
ter como suficiente para a formação do trabalhador, frente a um mundo
globalizado, uma reforma de ensino técnico que distingue a educação geral da
educação profissional. Ao contrario do que está estabelecido na nova LBD, a Lei
9394/96, os jovens devem ir a busca de conhecimentos mais sólidos, que envolvam
habilidades e conhecimentos que não são adquiridos nos envolvam habilidades e
conhecimentos que não são adquiridos nos cursos de formação profissional. O
mundo do trabalho tende a exigir, cada vez mais, uma nova qualificação que
implica flexibilidade para o trato com a produção, hoje constituída por
equipamentos versáteis e re-programáveis, assim como para a participação
eficiente em uma nova organização, que exige participação em diversos níveis de
decisão. Neste sentido, elencamos aqui, alguns pontos considerados importantes
e como integrantes da educação em geral com o ensino profissional.
Como nossa região
(extremo-oeste catarinense), possui estreita ligação com atividades oriundas do
“agribusiness” – principalmente a
agricultura e pecuária - vale ressaltar alguns modelos que estão dando certo
entre outras regiões do Brasil e do mundo. Métodos sistemáticos para atender
uma demanda específica de um determinado publico, que tem necessidade
constantes para serem supridas, principalmente no que diz respeito a busca de
qualificação profissional e a melhora de sua própria auto-estima, como sendo
fonte de energia alimentadora para a conquista de outros espaços.
Hoje, no mundo
inteiro, já existem proposições de renomados educadores, preocupados com o
homem do campo, defendendo a Pedagogia da Alternância praticada pelas Casas
Familiares Rurais, instituições de ensino voltadas exclusivamente para o ensino
do meio rural. Elas podem atuar conjuntamente, atendendo a educação geral e a
qualificação das pessoas. Os relatórios expressam que o conjunto das operações
complexas tende, no tempo da formação inicial, a assegurar um alto nível dos
conhecimentos disciplinares teóricos e práticos e o exercício efetivo da
relação de ensino e da aprendizagem, em consonância com metodologias que
permitam eficiência.
Uma articulação
desse tipo supõe uma pratica denominada de alternância. Outros relatórios
descrevem que a alternância é o meio chave para “(dês) escolarizar” a formação das pessoas. Essas metodologias
seriam para formar com alternância, mas não formar para a alternância; é outra
problemática bem mais complexa e que supõe passar para uma formação com
alternância.
A questão de formar
os formadores com alternância colocar estratégias; é criar condições para que
se desenvolvam, desde o inicio da ação, como a pratica do trabalho
profissional, as utilizações do terreno como lugar de observação, da
experimentação como suporte do processo de aquisição dos saberes: “saber fazer” e “saber estar”, passos em direção da abstração. Desse modo,
desenvolver-se-ão também as estratégias para a formação de sujeitos
responsáveis, compromissados com a sua realidade.
Para que isto
aconteça, podem-se resumir as quatro modalidades essenciais: a) colocação em
situação profissional com responsabilidades b) inserção num bom ambiente humano
e equipe pedagógica com função de tutoria; c) uma verdadeira simbiose, entre a
ação e a formação, deve ocorrer para que a pessoa construa sua identidade
profissional. Assim pessoa e profissional se formam e crescem juntos e na
permanência das diversas fases do percurso, o que supõe que a estratégia da
alternância seja mais do que uma simples justaposição de tempo; d) trabalhar a
possibilidade máxima do desenvolvimento das estratégias pessoais. Esta supõe a
organização de cada formador – alternante e de um plano de formação coletivo da
instituição responsável pela formação. Portanto, a Alternância pode ser
utilizada para sair das concepções da formação pelo ensino, para entrar na
perspectiva dinâmica de “ação-formação” e de “ação – pesquisa”, o que constitui
toda a formação permanente.
A pedagogia da
alternância permite uma formação integral e permanente. Definida desta forma
pode buscar o novo conceito que envolve a educação profissionalizante, que
consiste em aprender a desaprender
aprendendo; e saber fazer fazendo e difundindo e multiplicando.. Esta nova
concepção de formação consiste no desenvolvimento pessoal e social da
imaginação, da criatividade e da cooperação dentro de sua realidade. Para todas
as pessoas, a realidade e o que vive a cada dia seu trabalho, suas atividades,
suas diversões, etc., a realidade da vida provoca interesse. Tal pedagogia
permite que os jovens do campo recebam uma educação adaptada ao seu meio.
Fomenta a iniciativa, o sentido de responsabilidade e a cooperação. Transforma
a exploração rural de seus pais e vizinhos num valioso campo de aprendizagem e
experiências, dispensando esta infra-estrutura na Casa Familiar Rural - são
consideradas como Unidade Demonstrativa de Método (UDM). Permite a aplicação
imediata de tudo que ele for aprendendo paralelamente á capacitação de sua
família. Também, permite ao jovem prosseguir ajudando seus pais nas tarefas de
exploração da propriedade, não gerando a perda da mão de obra; educa duas
gerações simultaneamente. A alternância desperta muito interesse da família na
ida e vinda do jovem, alcançando resultados rápidos. Ensina o jovem a viver em
grupos na família e fora dela. A alternância é um processo pedagógico que exige
muita responsabilidade de todos – agricultores, jovens, monitores, autoridades.
O fato de formar com alternância provocam e facilitam a compreensão das
modalidades para desenvolver as praticas educativas nas alternâncias. Os
objetivos são de desenvolver as praticas educativas nas alternâncias. Os
objetivos são de desenvolver aprendizagens de acordo com a pedagogia da
alternância, usando estratégias de atividades variadas, diversificadas,
personalizadas e, também que sejam solidárias e cooperativas.
A alternância, é
tanto para instituições quanto para as pessoas em formação, uma sucessão de
rupturas de relações entre espaços e tempos diferentes. O espaço “sócio-
profissional” compreende diversos meios, modo de vida (familiar, profissional e
social). Por sua vez, o espaço tempo escolar, correspondente ao centro de
formação constitui o meio e o tempo escolar devido. Em cada um desses meios, o
jovem vive, age, sofre influencias, aprende, é sujeito de assunto, ator no meio
global. Não é suficiente mandar os jovens ao mundo da produção, através de
alguns estágios, ou sucessão de tempo de trabalho prático e tempo na escola,
sem ligação entre eles, para que exista uma formação alternada. Encontram-se
alternâncias verdadeiras, falsas e de má qualidade. Nem sempre, quando uma
escola pratica a alternância, os jovens são beneficiados. Existem condições
mínimas para que uma formação com alternância seja eficiente para um individuo.
A Alternância não é um simples método didático como, muitas vezes, ele é
reduzido. A alternância intervém, influi obrigatoriamente sobre todos os
elementos do campo educativo, sejam as instituições, sejam a estruturação do
organismo de formação, as estruturas “sócio-profissionais”.
Neste nos iniciais
no século XXI, o ambiente econômico internacional tem-se caracterizado pela
liberação do comercio, pela constituição de áreas de livre mercado e pela
mobilidade do fator capital. Em contraposição, as inovações tecnológicas
enfrentam, nos países em desenvolvimento, as barreiras da escassez de recursos
para a pesquisa e formação do capital humano e, nos países desenvolvidos,
aquelas propiciadas pela imperfeição do mercado, entre outras, a impedirem a
difusão do conhecimento cientifico. Já o mercado de trabalho continua fechado,
e os bolsões de desemprego se expandem. Portanto, a globalização dos mercados
ainda é restrita, mas o processo de liberação avança e tem grande impacto sobre
as economias nacionais, expondo produtos e firmas á concorrência internacional
e a um maior número de competidores. O escasso apoio oficial e a
desarticulação, entre as ações existentes, são considerados as principais
razões que impedem um mínimo de qualidade de vida para o trabalhador no meio
rural, promovendo o êxodo e suas conhecidas conseqüências. Vários grupos
temáticos que tratam de cadeias produtivas concluem em seus diagnósticos no
campo constituem fatores limitantes do desenvolvimento de suas atividades
econômicas. O problema em questão pode ser tratado da seguinte forma: em
primeiro lugar, a população rural volta-se para o espaço urbano basicamente
para as pequenas e médias cidades do interior; em segundo lugar, essas cidades
são o primeiro passo do processo migratório e esse papel está fortemente
associado á escassez de oportunidades para a população migrante e ao seu baixo
padrão de vida. Apesar de todas as mudanças estruturais anteriormente descritas
pelas quais vem passando o meio rural, as políticas á ele dirigidas continuam
direcionadas basicamente para reduzir o isolamento das populações rurais
(melhoria nos Sistemas de Transporte e de comunicação) e melhorar as suas
condições de vida (habitação, saúde, etc.) e de qualificação (ensino básico e
técnico). Não se tem levado em conta, por exemplo, o fato de que as zonas
rurais têm necessidades e novas típicas de uma sociedade urbana moderna como,
por exemplo, a de estabelecer um zoneamento para áreas industriais e de
moradia, áreas de preservação ambiental, além das áreas exclusivamente
agrícolas e pecuárias. Se pelo menos estas acontecessem, já seria um avanço.
Na região da Grande
São Miguel do Oeste - no extremo-oeste catarinense - são raros os municípios
que possuem acima de 50 anos de emancipação político-administrativo. É uma das
regiões mais novas do Brasil, com muitas frentes de trabalho ainda por ser
exploradas. O processo de colonização ainda está muito evidente. As
transformações de ordem estrutural estão implementadas de acordo com o
crescimento regional. Apesar de as distancias limítrofes dos municípios não
serem muito elevados, observa-se que em alguns a distancia parece ser maior, se
elevado em consideração o progresso desordenado. Algumas cidades se destacam
economicamente, possuindo suas atividades internamente ligadas ao meio rural.
Daí surge a máxima popular regional “que
a agricultura vai bem, o comercio também vai”. Isso tudo possibilita
perceber a estreita ligação que existe entre o progresso regional com as
atividades advindas do meio agrícola.
Além dos mecanismos tradicionais de desenvolvimento da
agricultura, que em alguns municípios parecem estar tão distantes até o
presente, é necessário estar atentos para as mudanças no entorno agrícola,
através dos novos produtos e serviços que poderão ser oferecidos. A conclusão é
que, o meio rural já não pode mais ser analisado apenas como o conjunto das
atividades agropecuárias e agro-industriais, pois ganhou novas funções. O
aparecimento (e a expansão) dessas novas atividades rurais – agrícolas e não
agrícolas altamente intensivas e de pequena escala – tem propiciado outras
oportunidades para um conjunto de pequenos produtores que não podem ser
chamados de agricultores ou pecuaristas e que, muitas vezes, não são nem mesmo
produtores familiares, uma vez que a maioria dos membros da família está
ocupada em outras atividades não agrícolas e/ou urbanas.
O
mundo rural vem sendo valorizado cada vez mais como produtor de bens não
tangíveis tais como a paisagem e o lazer, ao lado dos tradicionais produtos
agropecuários e do surgimento de uma gama de novos produtos oriundos da
agricultura, tais como, a criação de animais exóticos, cultivo de flores raras,
pratos orgânicos, etc., ou seja, além de um espaço de preservação ambiental, o
rural começa a ser visto pelos formuladores de políticas públicas também como
uma oportunidade de gerar novas formas de ocupação e renda para segmentos da
população que aí vivem e que, em geral, não têm a qualificação necessária para
se inserirem nos setores urbanos em expansão. Trata-se, em última instancia, de
criar condições para que se possa alcançar a cidadania no meio rural sem
necessidade de migrar para as cidades, estendendo ao morador da zona rural as
mesmas possibilidades que encontraria nos centros urbanos. Não é, portanto de estranhar
que acreditem que para alcançar a cidadania é preciso mudar para a cidade mais
próxima. Mas, como infelizmente essas pequenas e medias cidades que são
contíguas aos espaços rurais não urbanizados, tampouco têm essas condições
necessárias e suficientes para que ele empreenda a segunda etapa de sua
migração em busca das grandes cidades. Antes era em direção ás capitais e
grandes centros e, hoje, isso ocorre com muita intensidade em direção das
cidades “pólos-regionais”.
4
Resultados – impactos
Percebe-se que a ordem inversa de um
pensamento, há muito tempo difundido, chega para ficar entre nós: “se
agricultores vai bem, o comercio também vai bem”; neste instante este
ordenamento deve ser revisto; caso a zona urbana não se preocupar com a
revitalização da agricultura e conseqüentemente a família rural, a frase citada
por muitas décadas será literalmente varrida do dito popular.
Os países desenvolvidos vêm dando passos
importantes no sentido de criar novos instrumentos, que visem á sustentação da
renda das famílias rurais desvinculadas das suas políticas agrícolas, como
introduzir outros objetivos além da auto-suficiência alimentar. Essas novas
políticas são no sentido de estimular a “pluriatividade” das famílias rurais, e
a substituição dos subsídios aos preços dos produtos agrícolas, e a
substituição dos subsídios aos preços dos produtos agrícolas por pagamentos
compensatórios, diretos aos pequenos produtores de região desfavorecidos.
Estima-se
que se o objetivo perseguido for o de aumentar a produção de alimentos e
matérias-primas, é preciso pensar em uma política agrícola, envolvendo crédito
rural, preços mínimos, extensão rural, pesquisa tecnológica, etc. Se o objetivo
for o de aumentar o número de produtos agrícolas, é necessário pensar em uma
política agrária, sem esquecer-se de articular com essas políticas ações de
assistência técnica no seu sentido mais amplo. Mas, o objetivo é elevar o
padrão de vida da população rural, deve-se procurar um caminho mais simples e
mais eficaz, no curto prazo, reforçando os investimentos sociais nas pequenas e
médias cidades do interior, deixando para um segundo momento a estruturação de
mecanismos dinâmicos de geração de emprego e renda. De outra via, percebe-se
cada vez mais forte divisão na cronologia da idade e a oportunidade de ocupação
do cidadão, no mundo do trabalho.
Com
base neste estudo e cenário que se apresenta, passamos à seguir a distribuição
desta caminhada sugerida. A primeira etapa desta escalada, possui como
primeiro degrau o processo de escolarização (em todos os seus níveis) – onde o
estudante buscar na escola, a formação através dos ensinamentos oriundos das
disciplinas e seus respectivos conteúdos e teorias, preferencialmente dando-se
ênfase aos autores clássicos de cada área do conhecimento. Neste contexto o
estudante recebe todas as informações de seus professores, formando-se assim a
uma espécie “biblioteca pessoal” como armazenamento de suas teorias. Numa segunda
etapa, temos a interação da teoria e dos conteúdos oriundos das aulas
escolares, com a construção do conhecimento pelo próprio aluno, formando assim
sua opinião e contextualizando o conteúdo aprendido na escola. Até aqui, a
pessoa está com vinculo estreito com a escolarização, iniciando-se o processo
de aparição para o mercado de trabalho. Na terceira etapa, este
estudante tem a condição de ter acesso à praticidade de seus conhecimentos,
colocando-os à serviço da comunidade. Esta etapa vivencial requer muita
habilidade da pessoa, que passa do estágio de proteção do meio estudantil para o
mundo da competição profissional, ou seja, a vivência dará o norte de sua
relação entre a teoria/conhecimento com a prática. Na quarta etapa, a
pessoa tem a condição ímpar de unir as etapas anteriores apresentadas, com a
sua experiência de caminhada. Esta só será possível com o passar cronológico
dos anos. Então, teremos supostamente o seguinte itinerário profissional:
Teoria + Conhecimento + Prática + Experiência = cidadão pronto para o mercado
de trabalho.
Neste
contexto, surge ai muito fortemente o ensino técnico profissionalizante, como
agente difusor desta formação, bem com disseminador da geração de oportunidades
aos cidadãos, dentro um mercado tecnologicamente cada vez mais competitivo,
sendo a gestão do conhecimento um diferencial inteligente. Para alicerçar ainda
mais, fizemos uma revisão do que afirmamn Nonaka e Takeuchi (1997), m que a
sinergia da espiral do conhecimento se dá no momento que o conhecimento tácito
passa pelo conhecimento explícito combinando quatro processos da seguinte
maneira: A figura 1 abaixo evidencia essa combinação:
.
Figura 1: Processos de
Transformação do conhecimento Fonte: Nonaka e
Takeushi, 1997
Desse
modo, para trabalhar a relação que existe entre a educação e a trabalho, em
função do do exercicio da cidadani, extrapola-se a curiosidade científica e
trata-se o “indivíduo e a sociedade” como espaço de reconstrução de identidades
e vínculos, necessários e insubstituíveis.
5 Conclusão
Os
mecanismo e ferramentas existem; alguns deles já muito bem testados por
instituições que atuam na educação em nosso país, bem como, em outros países
com altos índices de desenvolvimento e crescimento. A tarefa é simples, sendo
de única e exclusiva competência dos respectivos gestores educacionais e o
próprio capital social, estar dispostos a mudar seus paradigmas e dogmas
educacionais, planejando e implantando o verdadeiro viés necessário para a
consecução desta preparação para o mercado de trabalho (hospedeiros de idéias,
incubadoras, distritos indústrias, parques tecnológicos entre outros),
dimensionados com a gestão de organizações intensivas em conhecimento, buscando
o desenvolvimento local sustentado.
Por
fim, não se esgotando esta reflexão, emerge em meio às cinzas deste cenário, o
papel preponderante da profissionalização de nossos indivíduos, em todas as
faixas etárias. Considerando-se “educação” na amplitude de seus significados -
temos que a educação básica, média e superior deve ter conhecimento da
realidade ocupacional dos indivíduos, para sejam estas instituições (públicas
e/ou privadas) a mola propulsora da dignificação do ser humano, elevando-o ao
mercado de trabalho e conseqüentemente ao exercício de sua cidadania. Entender esse processo implica em
considerar a abordagem humanística da gestão do conhecimento para compreender
os conjuntos complexos de fatores, tangíveis e intangíveis, vantagens,
desvantagens, dificuldades e limitações que impulsionam o desenvolvimento por
meio das organizações intensivas em conhecimento e sociedade que o circunda -
as redes sociais de sustentabilidade.
Essa
reflexão nos encaminha para um mundo de transições de fases, de mudanças de
rumos e comportamentos, que fogem da ordem, e denotam processos caóticos.
Constitui-se assim, uma importante fonte de analise da formação do novo modelo
“start-up” educacional que visa potencializar de desenvolvimento de espaços de
construção do saber alinhado à demanda do mercado de trabalho. Contudo, debates
conceituais não podem ser solucionados em um vazio empírico e sim, como uma
ação efetiva e parcerias com o capital social que a instiuição estiver
inserida.
Referências
ALBUQUERQUE, Francisco. Desenvolvimento
econômico local e distribuição do progresso técnico. Fortaleza: BNB, 1998.
ALVES, César. As funções da
escola pública. São Paulo: Novos
Rumos. 1990.
ANDRADE, Antonio Cabral de. et AL. A
universidade e o desenvolvimento regional. Fortaleza: UFC, 1995.
BARETTA, Gisley Francisco. Relatório
final das atividades práticas. Paraná: CEFET, julho de 2000.
BARETTA, Gisley Francisco. Agribusiness
e competividade na entrada do século XXI. Santa Catarina: UFSC. Dezembro
2000.
BARROS, Ricardo Paes de Mendonça, Rosane. Investimentos em educação e desenvolvimento econômico. Rio de Janeiro: IPEA, 1997.
BRASIL, Leis, Decretos etc. Habilitações
profissionais no ensino de 2º. Grau. Brasília:
MEC, 1972.
CALAZANS, Maria Julieta Costa. Estudo
retrospectivo da educação rural no Brasil. Rio de Janeiro: IESAE, 1979.
CLERCK, Marcel de. Aspectos
sociais da ação educativa no meio rural tradicional. Rio de Janeiro: revista Paz e Terra. 1969.
COELHO, Roberto Dinarte; RECH, Luiz R.D. Técnico agrícola: formação e atuação profissional. Porto Alegre: Imp. Livre, 2000.
COUTINHO, Luciano. O Brasil face a globalização. Folha de São Paulo, 06/08/95. Decreto
nr. 2.208, 17 de abril de 1997.
DEPONTI,
C. M. Indicadores para avaliação da
sustentabilidade em contextos de desenvolvimento rural local. Monografia
(Especialização) – UFRGS. Programa de Pós-
Graduação
em Economia Rural, Porto Alegre. 2002. 155 p.
FARHAT, R. Seminário amplia visão
sobre a educação profissional.
Jornal do MEC, Brasilia: Ministério da Educação, novembro/dezembro, 2000, p.
15.
FRANCO, Augusto de. Porque
precisamos de desenvolvimento local integrado e sustentado. Compukromus Editoração e Assessoria
Gráfica. 2000. Brasilia. DF.
MARCATTO, Celso. Agricultura
sustentável: conceitos e princípios. Position
paper, 1999.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Lei de
Diretrizes e Bases da Educação – LDB.
São Paulo: Editora Guazzelli Ltda., 2000.
NONAKA, I; TAKEUCHI, H. Criação do conhecimento na empresa: como as empresas
japonesas geram a dinâmica da inovação. Rio de Janeiro: Campus,
1997.
PUTNAM,
R. D. Comunidade e Democracia: a experiência da Itália Moderna.
Rio de Janeiro: Editora FGV, 1996.
SILVA, José Graziano da;
BALSADI, Otávio Valentim. et al. O
emprego rural e a mercantilização do espaço agrário. São Paulo em perspectiva. V. 9, n. 3, p. 50-64, 1997.
VEIGA. J. E. O desenvolvimento
agrícola: uma visão histórica. São
Paulo: Edusp-Hucitec, 1991.
Nenhum comentário:
Postar um comentário