segunda-feira, 9 de junho de 2014

Apagão da Mão-de-obra (?) - Da educação à cidadania



Apagão da Mão-de-obra (?) - Da educação à cidadania

Gisley Francisco Baretta (Universidad Nacional de Misiones) gisley_87@hotmail.com

Resumo:
Considerando-se que, na sociedade dividida em classes, se encontra o trabalho intelectual separado do trabalho manual, haverá separação entre o campo e a cidade e o ensino também serão separados do trabalho – como termos antagônicos, inclusive. A escola, enquanto estrutura na formação do homem dividido, nasce historicamente dentro das classes possuidoras do domínio social, enquanto estrutura exclusiva para a sua própria formação, não existindo para as demais classes. O que surge são culturas diferentes para escola e trabalho e, utilizando uma expressão marxiana, a escola se coloca frente ao como “não-trabalho” e o trabalho se coloca frente à escola como “não-escola”.

Palavras chave: Capital Social, Desenvolvimento Local Sustentável, Capital Social, Organizações Intensivas em Conhecimento.


WorkforceBlackout (?) -  from education to citizenship

Abstract
Once that, in a society divided in classes, intellectual work is considered apart from manual work, there will be separation between country and city and teaching will be considered apart from work as well – even as opposite terms. School, as a structure in the formation of the multifaceted man, is historically born within socially dominant classes and does not exist for the other ones. What raises are different cultures for school and work and, using a Marxist expression, school is put opposite to work as “non- work”, while work is put opposite to school as “non- school”.

Key-words: School, work, citizenship.




1- Introdução
Neste limiar do século XXI podemos perceber modificações profundas na economia mundial e nas relações estabelecidas entre aqueles que produzem o conhecimento e a sociedade, bem como na forma que se apresentam os cenários no mundo do trabalho.
O capitalismo torna-se transnacional já que o se capital tem des-territorializado, ou seja, “sem pátria”. As mudanças na produção econômica têm levado a profundas modificações nas relações de trabalho, acenando para novas exigências de qualificação. Isto em termos mais aplicáveis à população em geral, chamamos de globalização.

Outra característica relevante é o fato de que a máquina agora não vem substituir só músculo, mas também o celebro humano. Este capital humano, passa a ser mais exigido no que tange aos conhecimentos prévios do que irá desempenhar. Se por um lado, facilita o trabalho em nossos tempos, por outro, não se podem prever as conseqüências desencadeadas neste processo.
Cresce o número de organizações que investem recursos para a criação de universidades corporativas, buscando a sua própria formação e de seus colaboradores. Vale ressaltar, que para muitos, o motivo principal desta nova opção de capacitação e treinamento, é porque o modelo atual de ensino universitário está deixando uma enorme lacuna no processo ensino-aprendizagem, onde as instituições de ensino superior estão ofertando a formação acadêmica tradicional da escolarização, focando apenas a academia – distanciada da compreensão vivencial e sua aplicabilidade nos mais variados segmentos da formação superior.

As mudanças radicais na natureza do trabalho, os novos paradigmas de competitividade no Brasil, as pressões competitivas em cada negócio e o novo paradigma na gestão do conhecimento são as principais razões que justificam a necessidade de as organizações estarem repensando a gestão dos seus recursos como diferencial competitivo.
Por sua vez, os dirigentes empresariais tendem a descartar modelos e teorias ultrapassadas, como os antigos paradigmas tayloristas e militaristas que levaram á repressão, à (dês) humanização da relação no trabalho, à “robotização” dos membros das equipes e à desmotivação. A abertura econômica no Brasil chega como nos outros países, devastando o emprego; emergente um novo vocábulo – empregabilidade (sinônimo de segurança na atividade laboral).

2 – Metodologia
Quanto à escolha de procedimentos sistemáticos para a descrição e explicação das análises deste estudo, trata-se de um campo de estudo em formação que demanda um debate conceitual e metodológica alicerçado no novo paradigma contemporâneo, que é o da visão sistêmica da sociedade e indivíduo. Segundo Vasconcelos (2003), para tratar de visão sistêmica, é preciso considerar um conjunto de componentes metodológicos que também podem ser considerados estratégicos na totalidade. O estudo interpreta dados sobre a formação do individuo instrumentalizada pela capacidade da educação, referenciados pela literatura atual. Assim, o raciocíneo apresentado indica, aproxima e permite mensurar as características, mudanças e objetivos de um processo, sistema ou organização (DEPONTI, 2002).
3 – Desenvolvimento
3.1 Empregabilidade: educação na geração de oportunidades
O mundo do trabalho apresenta um quadro desalentador. Suas profundas modificações implicam com vários problemas sociais, principalmente o desemprego, os quais se somam aos que a nossa sociedade acumulou durante anos, ou seja, ao atraso politicamente organizado, no que se refere a necessidades         sociais básicas.Os trabalhos repetitivos, feitos por operários treinados, são gradativamente substituídos por equipamentos avançados e complexos, exigindo um profissional com nível de escolaridade para trabalhar com tais equipamentos.
Em face deste quadro, quando a referencia é automação industrial, as novas habilidades requeridas pela empresa, em termos de formação profissional e de educação são: quanto a formação profissional, a tendência é exigir: em termos de atributos – raciocínio lógico, concentração, conhecimento técnico geral, coordenação motora, destreza manual, habilidade, para aprender; em termos de conhecimentos – eletrônica, informática, geometria, mecânica, manutenção, etc. alinhado à experiência vivencial e sua aplicabilidade. Proporcionar educação profissional de qualidade à indivíduos com diferentes histórias de vida, níveis de escolaridade, necessidades e aspirações, preparando-os para um mundo de trabalho, que está em constante mutação, requer uma educação para a autonomia e para uma aprendizagem permanente e cotidiana que tenha flexibilidade, valorize a diversidade e contextualize o ensino e se dê a aplicabilidade e o foco para a geração de oportunidades.

Essa tarefa vai requerer educadores com uma postura inovadora, flexível e criativa, aberta á investigação de novas formas de condução da aprendizagem e, acima de tudo, a capacidade de se libertar dos resquícios de todo um arcabouço legal que pretensamente definia, ordenava, regularizava e igualava tudo. Assim de toda uma tradição de ensino, centrada na transmissão de conteúdos e, na também pretensa infalibilidade do professor de uma relação autoritária escola-professor-aluno, não compassiva, excludente e na contra-mão da necessidade do mercado. É urgente abandonar a “educação da exclusão para o trabalho”, na qual o papel do professor é, na maioria das vezes, separar os bons dos fracassados, sem qualquer responsabilidade com relação ao futuro daqueles que não conseguem êxito, que iniciar a construção, de uma escola, principalmente a pública, que seja capaz de melhorar a vida das pessoas e a realidade social, com vistas ser mais realista e empreendedora.

É necessário preparar nossos estudantes para serem profissionais que possuam as condições básicas e especificas para inserção e permanência no mundo do trabalho, seja como assalariado, seja trabalhador autônomo ou como empreendedor. Para isso, devem ser desenvolvidas as competências básicas, cada vez mais requeridas não somente no exercício profissional, mas na própria vida em sociedade e que estão relacionadas com habilidades e atitudes, tais como: pensar estrategicamente, desenvolver atitude científica na resolução de problemas, dispor-se a aprender continuamente, ser autônomo, ser criativo e ter atitude positiva frente ao inusitado, selecionar e gerenciar informações, interelacionando-as.Já as competências, especificam para o exercício de uma atividade produtiva e precisam ser desenvolvidas, objetivando o domínio das técnicas, dos métodos e dos processos de produzir e fazer, relacionados ás diversas áreas profissionais, possibilitando diferentes itinerários que serão refinados em percursos variados a serem aperfeiçoados ao longo da vida produtiva de cada individuo. Preparar as pessoas para trabalho e não apenas para o emprego será o desafio da educação profissional, sem perder o foco do empreendedorismo, quer seja na atividade laboral em negócios próprios ou de terceiros.

As instituições educacionais deverão manter um olhar perscrutador e um diálogo permanente com mundo produtivo, buscando não só adequar permanentemente a formação profissional que oferece, como também antecipar demandas e influir no processo de construção de novas tecnologias e novas formas de fazer, por meio da pesquisa, do intercâmbio, das trocas e da cooperação institucional. Hoje, uma das prioridades da sociedade é a educação profissional, que obteve recentemente, pela primeira vez na história um capítulo especial na lei de Diretrizes e Bases da Educação e vem sendo discutida por diversos setores da sociedade brasileira, sendo objeto de uma reforma que visa a ampliar sua oferta e mobilizar as instituições ofertastes para que estas se reordenem e respondam com agilidade e pertinência ás demandas apresentadas pelos indivíduos, pela sociedade e pelo mundo do trabalho.

Para atender as exigências da reforma da educação profissional e, além disso, constituírem-se como centros de referencia para os demais sistemas, essas escolas deverão traduzir as demandas oriundas concretas e, principalmente, inovadoras, o que pressupõe a mudança da própria cultura institucional. Essas medidas se referem á abertura dinâmica e permanente da escola, tanto para as necessidades e expectativas dos indivíduos e da sociedade, como para as demandas do setor produtivo. Refere-se também á adequação técnica pedagógica e á imprescindível reformulação de sua gestão.  A educação profissional assume papel relevante no enfretamento desses desafios e, associada á universalização de uma educação básica de qualidade, alinhada a modernidade do ensino de terceiro grau, surgem como fator fundamental na promoção do crescimento econômico e do bem-estar social. É estratégia não somente como resposta às crescentes exigências por maiores níveis de escolaridade e qualificação dos trabalhadores oriundas do mundo do trabalho, mas também, como instrumento de inclusão social, que amplie as possibilidades de inserção de todos os indivíduos na economia, tanto como consumidor quanto como produtores de bens, mercadorias e serviços.

Para a grande maioria da humanidade, o trabalho ainda é a porta para sua inserção na sociedade e também serem vistos como verdadeiros cidadãos, que geram e produzem o seu próprio sustento. Assim sendo, buscam com suas próprias forças a dignidade e o prazer de viver. É importante destacar que sejam oferecidas oportunidades aos jovens, para que ingressem imediatamente a cursos que possibilitem ter uma profissão a fim de alavancar recursos para o custeio do ensino superior e a sua própria manutenção. Parece que se faz necessário entender a escola, além de suas dimensões físicas. Só assim ela será um agente de transformação. Ela precisa derrubar alguns muros que a separam da sociedade. Enquanto a escola ficar apenas aparando as arestas, a sociedade necessita de medidas mais profundas, que possam esculpir uma nova obra. Esta escola desenvolve todo seu trabalho embasado num conjunto de ações, tornando-se num elemento importante para o desenvolvimento do ser humano profissional: “a Escola que educa o individuo, que educa a sociedade, que educa as organizações e a escola que se educa.”

É mistér que a educação profissional oriente para o trabalho e não para o emprego, bem como, estimule para que sejam empreendedores; para ser empreendedor, é necessário entender de todas as etapas de seu negócio. Por outro lado, devo ser empreendedor no negocio de outras pessoas, pois quando trabalho para elas, devo realmente fazer com eficiência e eficácia. Ser empreendedor não significa, também, ser dono do seu negocio. É preciso ter a convicção de estar fazendo da melhor maneira o que os outros ainda não souberam fazer.

Quando à educação geral, esta também deve estar sintonizada com demandas. Basicamente, as novas exigências seriam: em termos de atributos- conhecimento oral, comunicação escrita, relacionamento com vários níveis hierárquicos, aspiração profissional; em termos de conhecimentos – conhecimento geral, processo global de fabricação, gestão da produção e estatística e empreendedorismo com responsabilidade social.

3.2   L.D.B 9395/96  e sua faceta profissionalizante
Objetivando-se adequar a educação ás mudanças do processo produtivo vigente muda-se a legislação de ensino com a implantação da L.D.B. 9394/96, redimensionando as praticas educacionais, até então utilizadas, para que estas acompanhem as transformações que perpassam a nossa sociedade.
Atualmente, exige-se um profissional com maior flexibilidade, novas habilidades, capaz de se relacionar e se comunicar socialmente com mais eficácia, além de ter conhecimento de outra língua, domínio da informática e das novas tecnologias que se ampliam e avançam velozmente. Saber trabalhar em equipe, com iniciativa, entusiasmo, criatividade e, principalmente, são pressupostos indispensáveis. Portanto, está claro que o mundo do futuro, exigirá muita educação e profissionais polivalentes, “multifuncionais”, alertas, curiosos – pessoas que se comportam como alunos interessados o tempo todo. Os locais de trabalho e a própria casa parecerão escolas, onde se estuda e se aprende de forma continuada. Para atender esse requisito, deve-se buscar o estabelecimento da integração entre as formas de educação geral e profissional, através de articulações que favoreçam á integração dessas duas modalidades.

Assim, não se pode ter como suficiente para a formação do trabalhador, frente a um mundo globalizado, uma reforma de ensino técnico que distingue a educação geral da educação profissional. Ao contrario do que está estabelecido na nova LBD, a Lei 9394/96, os jovens devem ir a busca de conhecimentos mais sólidos, que envolvam habilidades e conhecimentos que não são adquiridos nos envolvam habilidades e conhecimentos que não são adquiridos nos cursos de formação profissional. O mundo do trabalho tende a exigir, cada vez mais, uma nova qualificação que implica flexibilidade para o trato com a produção, hoje constituída por equipamentos versáteis e re-programáveis, assim como para a participação eficiente em uma nova organização, que exige participação em diversos níveis de decisão. Neste sentido, elencamos aqui, alguns pontos considerados importantes e como integrantes da educação em geral com o ensino profissional.

Como nossa região (extremo-oeste catarinense), possui estreita ligação com atividades oriundas do “agribusiness” – principalmente a agricultura e pecuária - vale ressaltar alguns modelos que estão dando certo entre outras regiões do Brasil e do mundo. Métodos sistemáticos para atender uma demanda específica de um determinado publico, que tem necessidade constantes para serem supridas, principalmente no que diz respeito a busca de qualificação profissional e a melhora de sua própria auto-estima, como sendo fonte de energia alimentadora para a conquista de outros espaços.
Hoje, no mundo inteiro, já existem proposições de renomados educadores, preocupados com o homem do campo, defendendo a Pedagogia da Alternância praticada pelas Casas Familiares Rurais, instituições de ensino voltadas exclusivamente para o ensino do meio rural. Elas podem atuar conjuntamente, atendendo a educação geral e a qualificação das pessoas. Os relatórios expressam que o conjunto das operações complexas tende, no tempo da formação inicial, a assegurar um alto nível dos conhecimentos disciplinares teóricos e práticos e o exercício efetivo da relação de ensino e da aprendizagem, em consonância com metodologias que permitam eficiência.
Uma articulação desse tipo supõe uma pratica denominada de alternância. Outros relatórios descrevem que a alternância é o meio chave para “(dês) escolarizar” a formação das pessoas. Essas metodologias seriam para formar com alternância, mas não formar para a alternância; é outra problemática bem mais complexa e que supõe passar para uma formação com alternância.
A questão de formar os formadores com alternância colocar estratégias; é criar condições para que se desenvolvam, desde o inicio da ação, como a pratica do trabalho profissional, as utilizações do terreno como lugar de observação, da experimentação como suporte do processo de aquisição dos saberes: “saber fazer” e “saber estar”, passos em direção da abstração. Desse modo, desenvolver-se-ão também as estratégias para a formação de sujeitos responsáveis, compromissados com a sua realidade.

Para que isto aconteça, podem-se resumir as quatro modalidades essenciais: a) colocação em situação profissional com responsabilidades b) inserção num bom ambiente humano e equipe pedagógica com função de tutoria; c) uma verdadeira simbiose, entre a ação e a formação, deve ocorrer para que a pessoa construa sua identidade profissional. Assim pessoa e profissional se formam e crescem juntos e na permanência das diversas fases do percurso, o que supõe que a estratégia da alternância seja mais do que uma simples justaposição de tempo; d) trabalhar a possibilidade máxima do desenvolvimento das estratégias pessoais. Esta supõe a organização de cada formador – alternante e de um plano de formação coletivo da instituição responsável pela formação. Portanto, a Alternância pode ser utilizada para sair das concepções da formação pelo ensino, para entrar na perspectiva dinâmica de “ação-formação” e de “ação – pesquisa”, o que constitui toda a formação permanente.

A pedagogia da alternância permite uma formação integral e permanente. Definida desta forma pode buscar o novo conceito que envolve a educação profissionalizante, que consiste em aprender a desaprender aprendendo; e saber fazer fazendo e difundindo e multiplicando.. Esta nova concepção de formação consiste no desenvolvimento pessoal e social da imaginação, da criatividade e da cooperação dentro de sua realidade. Para todas as pessoas, a realidade e o que vive a cada dia seu trabalho, suas atividades, suas diversões, etc., a realidade da vida provoca interesse. Tal pedagogia permite que os jovens do campo recebam uma educação adaptada ao seu meio. Fomenta a iniciativa, o sentido de responsabilidade e a cooperação. Transforma a exploração rural de seus pais e vizinhos num valioso campo de aprendizagem e experiências, dispensando esta infra-estrutura na Casa Familiar Rural - são consideradas como Unidade Demonstrativa de Método (UDM). Permite a aplicação imediata de tudo que ele for aprendendo paralelamente á capacitação de sua família. Também, permite ao jovem prosseguir ajudando seus pais nas tarefas de exploração da propriedade, não gerando a perda da mão de obra; educa duas gerações simultaneamente. A alternância desperta muito interesse da família na ida e vinda do jovem, alcançando resultados rápidos. Ensina o jovem a viver em grupos na família e fora dela. A alternância é um processo pedagógico que exige muita responsabilidade de todos – agricultores, jovens, monitores, autoridades. O fato de formar com alternância provocam e facilitam a compreensão das modalidades para desenvolver as praticas educativas nas alternâncias. Os objetivos são de desenvolver as praticas educativas nas alternâncias. Os objetivos são de desenvolver aprendizagens de acordo com a pedagogia da alternância, usando estratégias de atividades variadas, diversificadas, personalizadas e, também que sejam solidárias e cooperativas.

A alternância, é tanto para instituições quanto para as pessoas em formação, uma sucessão de rupturas de relações entre espaços e tempos diferentes. O espaço “sócio- profissional” compreende diversos meios, modo de vida (familiar, profissional e social). Por sua vez, o espaço tempo escolar, correspondente ao centro de formação constitui o meio e o tempo escolar devido. Em cada um desses meios, o jovem vive, age, sofre influencias, aprende, é sujeito de assunto, ator no meio global. Não é suficiente mandar os jovens ao mundo da produção, através de alguns estágios, ou sucessão de tempo de trabalho prático e tempo na escola, sem ligação entre eles, para que exista uma formação alternada. Encontram-se alternâncias verdadeiras, falsas e de má qualidade. Nem sempre, quando uma escola pratica a alternância, os jovens são beneficiados. Existem condições mínimas para que uma formação com alternância seja eficiente para um individuo. A Alternância não é um simples método didático como, muitas vezes, ele é reduzido. A alternância intervém, influi obrigatoriamente sobre todos os elementos do campo educativo, sejam as instituições, sejam a estruturação do organismo de formação, as estruturas “sócio-profissionais”.

Neste nos iniciais no século XXI, o ambiente econômico internacional tem-se caracterizado pela liberação do comercio, pela constituição de áreas de livre mercado e pela mobilidade do fator capital. Em contraposição, as inovações tecnológicas enfrentam, nos países em desenvolvimento, as barreiras da escassez de recursos para a pesquisa e formação do capital humano e, nos países desenvolvidos, aquelas propiciadas pela imperfeição do mercado, entre outras, a impedirem a difusão do conhecimento cientifico. Já o mercado de trabalho continua fechado, e os bolsões de desemprego se expandem. Portanto, a globalização dos mercados ainda é restrita, mas o processo de liberação avança e tem grande impacto sobre as economias nacionais, expondo produtos e firmas á concorrência internacional e a um maior número de competidores. O escasso apoio oficial e a desarticulação, entre as ações existentes, são considerados as principais razões que impedem um mínimo de qualidade de vida para o trabalhador no meio rural, promovendo o êxodo e suas conhecidas conseqüências. Vários grupos temáticos que tratam de cadeias produtivas concluem em seus diagnósticos no campo constituem fatores limitantes do desenvolvimento de suas atividades econômicas. O problema em questão pode ser tratado da seguinte forma: em primeiro lugar, a população rural volta-se para o espaço urbano basicamente para as pequenas e médias cidades do interior; em segundo lugar, essas cidades são o primeiro passo do processo migratório e esse papel está fortemente associado á escassez de oportunidades para a população migrante e ao seu baixo padrão de vida. Apesar de todas as mudanças estruturais anteriormente descritas pelas quais vem passando o meio rural, as políticas á ele dirigidas continuam direcionadas basicamente para reduzir o isolamento das populações rurais (melhoria nos Sistemas de Transporte e de comunicação) e melhorar as suas condições de vida (habitação, saúde, etc.) e de qualificação (ensino básico e técnico). Não se tem levado em conta, por exemplo, o fato de que as zonas rurais têm necessidades e novas típicas de uma sociedade urbana moderna como, por exemplo, a de estabelecer um zoneamento para áreas industriais e de moradia, áreas de preservação ambiental, além das áreas exclusivamente agrícolas e pecuárias. Se pelo menos estas acontecessem, já seria um avanço.

Na região da Grande São Miguel do Oeste - no extremo-oeste catarinense - são raros os municípios que possuem acima de 50 anos de emancipação político-administrativo. É uma das regiões mais novas do Brasil, com muitas frentes de trabalho ainda por ser exploradas. O processo de colonização ainda está muito evidente. As transformações de ordem estrutural estão implementadas de acordo com o crescimento regional. Apesar de as distancias limítrofes dos municípios não serem muito elevados, observa-se que em alguns a distancia parece ser maior, se elevado em consideração o progresso desordenado. Algumas cidades se destacam economicamente, possuindo suas atividades internamente ligadas ao meio rural. Daí surge a máxima popular regional “que a agricultura vai bem, o comercio também vai”. Isso tudo possibilita perceber a estreita ligação que existe entre o progresso regional com as atividades advindas do meio agrícola.
Além dos mecanismos tradicionais de desenvolvimento da agricultura, que em alguns municípios parecem estar tão distantes até o presente, é necessário estar atentos para as mudanças no entorno agrícola, através dos novos produtos e serviços que poderão ser oferecidos. A conclusão é que, o meio rural já não pode mais ser analisado apenas como o conjunto das atividades agropecuárias e agro-industriais, pois ganhou novas funções. O aparecimento (e a expansão) dessas novas atividades rurais – agrícolas e não agrícolas altamente intensivas e de pequena escala – tem propiciado outras oportunidades para um conjunto de pequenos produtores que não podem ser chamados de agricultores ou pecuaristas e que, muitas vezes, não são nem mesmo produtores familiares, uma vez que a maioria dos membros da família está ocupada em outras atividades não agrícolas e/ou urbanas.
O mundo rural vem sendo valorizado cada vez mais como produtor de bens não tangíveis tais como a paisagem e o lazer, ao lado dos tradicionais produtos agropecuários e do surgimento de uma gama de novos produtos oriundos da agricultura, tais como, a criação de animais exóticos, cultivo de flores raras, pratos orgânicos, etc., ou seja, além de um espaço de preservação ambiental, o rural começa a ser visto pelos formuladores de políticas públicas também como uma oportunidade de gerar novas formas de ocupação e renda para segmentos da população que aí vivem e que, em geral, não têm a qualificação necessária para se inserirem nos setores urbanos em expansão. Trata-se, em última instancia, de criar condições para que se possa alcançar a cidadania no meio rural sem necessidade de migrar para as cidades, estendendo ao morador da zona rural as mesmas possibilidades que encontraria nos centros urbanos. Não é, portanto de estranhar que acreditem que para alcançar a cidadania é preciso mudar para a cidade mais próxima. Mas, como infelizmente essas pequenas e medias cidades que são contíguas aos espaços rurais não urbanizados, tampouco têm essas condições necessárias e suficientes para que ele empreenda a segunda etapa de sua migração em busca das grandes cidades. Antes era em direção ás capitais e grandes centros e, hoje, isso ocorre com muita intensidade em direção das cidades “pólos-regionais”.

4 Resultados – impactos
Percebe-se que a ordem inversa de um pensamento, há muito tempo difundido, chega para ficar entre nós: “se agricultores vai bem, o comercio também vai bem”; neste instante este ordenamento deve ser revisto; caso a zona urbana não se preocupar com a revitalização da agricultura e conseqüentemente a família rural, a frase citada por muitas décadas será literalmente varrida do dito popular.
Os países desenvolvidos vêm dando passos importantes no sentido de criar novos instrumentos, que visem á sustentação da renda das famílias rurais desvinculadas das suas políticas agrícolas, como introduzir outros objetivos além da auto-suficiência alimentar. Essas novas políticas são no sentido de estimular a “pluriatividade” das famílias rurais, e a substituição dos subsídios aos preços dos produtos agrícolas, e a substituição dos subsídios aos preços dos produtos agrícolas por pagamentos compensatórios, diretos aos pequenos produtores de região desfavorecidos.
Estima-se que se o objetivo perseguido for o de aumentar a produção de alimentos e matérias-primas, é preciso pensar em uma política agrícola, envolvendo crédito rural, preços mínimos, extensão rural, pesquisa tecnológica, etc. Se o objetivo for o de aumentar o número de produtos agrícolas, é necessário pensar em uma política agrária, sem esquecer-se de articular com essas políticas ações de assistência técnica no seu sentido mais amplo. Mas, o objetivo é elevar o padrão de vida da população rural, deve-se procurar um caminho mais simples e mais eficaz, no curto prazo, reforçando os investimentos sociais nas pequenas e médias cidades do interior, deixando para um segundo momento a estruturação de mecanismos dinâmicos de geração de emprego e renda. De outra via, percebe-se cada vez mais forte divisão na cronologia da idade e a oportunidade de ocupação do cidadão, no mundo do trabalho.
Com base neste estudo e cenário que se apresenta, passamos à seguir a distribuição desta caminhada sugerida. A primeira etapa desta escalada, possui como primeiro degrau o processo de escolarização (em todos os seus níveis) – onde o estudante buscar na escola, a formação através dos ensinamentos oriundos das disciplinas e seus respectivos conteúdos e teorias, preferencialmente dando-se ênfase aos autores clássicos de cada área do conhecimento. Neste contexto o estudante recebe todas as informações de seus professores, formando-se assim a uma espécie “biblioteca pessoal” como armazenamento de suas teorias. Numa segunda etapa, temos a interação da teoria e dos conteúdos oriundos das aulas escolares, com a construção do conhecimento pelo próprio aluno, formando assim sua opinião e contextualizando o conteúdo aprendido na escola. Até aqui, a pessoa está com vinculo estreito com a escolarização, iniciando-se o processo de aparição para o mercado de trabalho. Na terceira etapa, este estudante tem a condição de ter acesso à praticidade de seus conhecimentos, colocando-os à serviço da comunidade. Esta etapa vivencial requer muita habilidade da pessoa, que passa do estágio de proteção do meio estudantil para o mundo da competição profissional, ou seja, a vivência dará o norte de sua relação entre a teoria/conhecimento com a prática. Na quarta etapa, a pessoa tem a condição ímpar de unir as etapas anteriores apresentadas, com a sua experiência de caminhada. Esta só será possível com o passar cronológico dos anos. Então, teremos supostamente o seguinte itinerário profissional: Teoria + Conhecimento + Prática + Experiência = cidadão pronto para o mercado de trabalho.
Neste contexto, surge ai muito fortemente o ensino técnico profissionalizante, como agente difusor desta formação, bem com disseminador da geração de oportunidades aos cidadãos, dentro um mercado tecnologicamente cada vez mais competitivo, sendo a gestão do conhecimento um diferencial inteligente. Para alicerçar ainda mais, fizemos uma revisão do que afirmamn Nonaka e Takeuchi (1997), m que a sinergia da espiral do conhecimento se dá no momento que o conhecimento tácito passa pelo conhecimento explícito combinando quatro processos da seguinte maneira: A figura 1 abaixo evidencia essa combinação:


 







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Figura 1: Processos de Transformação do conhecimento Fonte: Nonaka e Takeushi, 1997

Desse modo, para trabalhar a relação que existe entre a educação e a trabalho, em função do do exercicio da cidadani, extrapola-se a curiosidade científica e trata-se o “indivíduo e a sociedade” como espaço de reconstrução de identidades e vínculos, necessários e insubstituíveis.

5  Conclusão
Os mecanismo e ferramentas existem; alguns deles já muito bem testados por instituições que atuam na educação em nosso país, bem como, em outros países com altos índices de desenvolvimento e crescimento. A tarefa é simples, sendo de única e exclusiva competência dos respectivos gestores educacionais e o próprio capital social, estar dispostos a mudar seus paradigmas e dogmas educacionais, planejando e implantando o verdadeiro viés necessário para a consecução desta preparação para o mercado de trabalho (hospedeiros de idéias, incubadoras, distritos indústrias, parques tecnológicos entre outros), dimensionados com a gestão de organizações intensivas em conhecimento, buscando o desenvolvimento local sustentado.
Por fim, não se esgotando esta reflexão, emerge em meio às cinzas deste cenário, o papel preponderante da profissionalização de nossos indivíduos, em todas as faixas etárias. Considerando-se “educação” na amplitude de seus significados - temos que a educação básica, média e superior deve ter conhecimento da realidade ocupacional dos indivíduos, para sejam estas instituições (públicas e/ou privadas) a mola propulsora da dignificação do ser humano, elevando-o ao mercado de trabalho e conseqüentemente ao exercício de sua cidadania. Entender esse processo implica em considerar a abordagem humanística da gestão do conhecimento para compreender os conjuntos complexos de fatores, tangíveis e intangíveis, vantagens, desvantagens, dificuldades e limitações que impulsionam o desenvolvimento por meio das organizações intensivas em conhecimento e sociedade que o circunda - as redes sociais de sustentabilidade.
 Essa reflexão nos encaminha para um mundo de transições de fases, de mudanças de rumos e comportamentos, que fogem da ordem, e denotam processos caóticos. Constitui-se assim, uma importante fonte de analise da formação do novo modelo “start-up” educacional que visa potencializar de desenvolvimento de espaços de construção do saber alinhado à demanda do mercado de trabalho. Contudo, debates conceituais não podem ser solucionados em um vazio empírico e sim, como uma ação efetiva e parcerias com o capital social que a instiuição estiver inserida.

 


Referências


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