- La FORMACIÓN DE
INDICADORES DE CAPITAL SOCIAL -
como potencializadores de desarrollo local
sostenible
(Apresentador) Gisley Francisco Baretta, M.Sc
Deborah Bernett, M.Sc
Neri dos Santos, PhD
______________________________________________________________________
RESUMEN: Este estudio presenta de modo sintético los
efectos del capital social bajo la magnitud de los determinantes del desarrollo
local sostenible, proponiendo un escenario de referencia. El desarrollo postula
la responsabilidad de factores que abarcan la capacidad de generar políticas
públicas por instrumentos modernos y transparentes que propicien la formación
de estrategias consistentes para la sociedad. Esa ponderación remete al
pensamiento sobre a sustentabilidade en lo que dice respeto a la producción y
las condicionantes de un porvenir sostenible. El capital social se refiere al
grupo de los intangibles, considerando la importancia del conocimiento tácito y
el papel de las interacciones locales de las OIC en la cadena productiva. Pero
en un mundo en transformación, los trazos constitutivos de este proceso son la
llamada revolución científico-tecnológica y la crisis ambiental. Así la
complejidad para medir el capital social ésta en la abrangência de la tema y de
la comprensión del tejido de acontecimientos, acciones, interacciones,
retroacciones, determinaciones, acasos, que constituyen el mundo de las redes,
asociaciones y tramas formados por las OIC'S. Pero, la contribución de este
trabajo ésta en comprender que, la complejidad de la formación de indicadores
del capital social representa la posibilidad de desarrollar un panorama que
comparte similaridades con cuestiones contemporáneas de orden social, económica
y ambiental, y que generar tales indicadores requiere estudios sistémicos
avanzados.
Palabras Llave: Capital Social. Desarrollo Local Sostenible. Organizaciones Intensivas
en Conocimiento. Indicadores de Capital
Social.
___________________________________________________________________
“Toda a nossa ciência, comparada com a realidade, é
primitiva e infantil - e, no entanto, é a coisa mais preciosa que temos.
1-
INTRODUÇÃO
Muitos dos estudos empíricos
realizados até hoje têm demonstrado que os efeitos do capital social não são
marginais e, muitas vezes, encontram-se na mesma ordem de magnitude que outros
determinantes do desenvolvimento (BANCO
MUNDIAL, 2003).
O desenvolvimento local de modo sustentável, pensado enquanto
transformação social, responde a critérios enunciados por Amartya Sen (2000) e
definido pelo WBCSD (World Business Council for Sustainable
Development - 1999). A figura 1 abaixo representa o equilíbrio entre as
dimensões econômica, social e ambiental, e suas influências na cadeia
produtiva.
Dimensão Econômica
|
Dimensão Ambiental
|
Dimensão Social
|
• Performance Financeira
•
Criação de Valor
•
Perpetuidade
•
Competitividade
|
• Cidadania Corporativa
• Responsabilidade social
• Aumentar a equidade
|
• Conservar e reciclar recursos
(Ecoeficiência)
• Reduzir desperdícios
• Minimizar impactos ambientais
|
Sustentabilidadede
|
Figura 1: Sustentabilidade
Fonte: WBCSD (World Business Council
for Sustainable Development- 1999). Adaptado
pelos autores.
Segundo a OCDE (2009), a cooperação para o desenvolvimento postula a
responsabilidade de fatores que abrangem a capacidade de gerar políticas
públicas por instrumentos modernos e transparentes que propiciem a formação de
estratégias consistentes para a sociedade. Contudo, Giuliani (2007) refere-se ao desenvolvimento,
tratando a integração e a compatibilização das políticas de C&T, com a
criação de instrumentos legitimados, capazes de melhorar a comunicação, a
cooperação e a disseminação das informações entre o meio e os centros de
decisão política.
Araújo (2003) argumenta que a aplicação de recursos correntes na esperança
de obter recursos adicionais no futuro, de modo que compense o risco que você
correu e também o consumo que você adiou, faz parte de uma trama que podemos
denominar de capital social circulante. Essa reflexão remete ao pensamento sobre a
sustentabilidade no que diz respeito à produção e as condicionantes de um
futuro sustentável. Entretanto, os componentes de uma trama são: recursos humanos qualificados; relações econômicas entre produtores
e clientes;
circulação de
informações
entre
agentes, instituições e indivíduos,
existência de uma estrutura
institucional desenvolvida e construção de uma identidade
sociocultural
e socioambiental facilitadora da confiança.
Nesse sentido as organizações intensivas em conhecimento podem responder de
maneira adequada a esse conjunto de conceitos.
Para a OCDE
(2009) tais fatores abrangem desde a melhoria da capacidade para administrar
políticas econômicas e sociais até a crescente atenção dada a temas como a
responsabilidade perante o público, a obediência à lei, o respeito aos diretos
humanos, o aumento da participação, a acumulação de capital social e a
preocupação com a sustentabilidade ambiental. Assim, o desenvolvimento diferencia-se
de outra acepção do termo, na qual o desenvolvimento é sinônimo de crescimento
econômico, significando o aumento percentual do produto nacional mais rápido
que o aumento percentual da população.
Em se
tratar de desenvolvimento local sustentável, este estudo destaca o capital social com foco para áreas prioritárias
e fundamentais: (a) empreendedorismo; (b)
promoção do desenvolvimento eco-socioterritorial; (c) políticas
públicas
com os eixos de desenvolvimento local sustentável; e (d) a participação financeira
e gestora
dos investidores sociais
privados
e públicos
(LUSTOSA, 2002). Trata-se das relações entre
um indivíduo ou grupo social e seu meio de referência, expressando um
sentimento de pertence e em relação a um modo de agir num determinado
território.
Deste modo a caracterização do tema
recentemente abordada por Nonaka e Takeushi (1997) refere-se a ampliação do espaço social gerado
pelas redes sociais e sua complexidade, diante da imprevisibilidade do futuro
na sociedade do conhecimento, particularmente
referenciando as Organizações Intensivas em Conhecimento.
Vale ressaltar, que
o conceito de capital social proposto neste estudo refere-se à força
socioeconômica gerada pelo capital social em detrimento as organizações
intensivas em conhecimento, propondo pressupostos políticos, sociais e
econômicos com fins de democracia para conquistar o desenvolvimento.
2 -
DESENVOLVIMENTO
2.1 O Conceito
de Capital Social
As chamadas aglomerações produtivas,
científicas, tecnológicas e/ou inovativas – tais como distritos industriais,
associações, clusters, milieux inovadores, arranjos produtivos
locais, entre outros formados por OIC’S são consideradas ambientes propícios a
interações, e possuem uma estrutura
institucional normalmente bem desenvolvida em função de sua identidade
sociocultural
e socioambiental. A troca de conhecimentos e o aprendizado, por meios
diversos, tais como a mobilidade local de trabalhadores; redes formais e
informais; existência de uma base social e cultural comum que dá o sentido de
identidade e de “pertencimento” (CASSIOLATO e LASTRES, 1999), muitas vezes gera
um sistema integrado que parte da confiança e dos interesses comuns.
Apesar de alguns autores compartilharem da
idéia de que o termo “capital” não se apropria às abordagens relacionadas ao
social, a literatura atual compartilha do pensamento de que o capital social
responde de maneira apropriada sobre as questões de desenvolvimento social
integrado ao crescimento econômico, originando um consenso sobre dois grandes
grupos de capital social: os tangíveis e os intangíveis; o primeiro diz
respeito ao capital financeiro e físico, e o segundo ao capital humano e social
(MELIN, 2007).
O estudo propõe o conceito de capital
social do segundo grande grupo – os intangíveis, considerando a importância do
conhecimento tácito e o papel das interações locais na cadeia produtiva.
Contudo, a
“sociologia econômica” argumenta que a ação econômica de determinada sociedade
está incrustada na estrutura social e na cultura. Neste sentido, considera-se a importância das instituições para o
desenvolvimento sustentável. Souza Filho (2001) destaca que na sociedade civil
estão compreendidas as formas de solidariedade, integração social e cooperação,
e esses fatores podem ser considerados os principais agentes de modernização e
transformação socioeconômica em uma região, e assim capital social é tão
produtivo quanto às outras formas de capital.
Nesse sentido prevalece
à tese central das relações institucionalmente “garantidas”, que produzam
conhecimento e inter-reconhecimento através de processos produtivos e seus
intercâmbios. Destacam-se
os autores: Pierre Bourdieu (1980), ao abordar que numa rede de relações
deve-se considerar o produto do trabalho para sustentar condições sociais
duradouras e constituídas; James Coleman (1988), como o primeiro a contribuir significativamente na
mensuração do capital social e seus efeitos; Francis Fukuyama
(1999), filósofo e economista político, cujos cálculos simples e eficazes para
medir o capital social tem forte influência sobre o pensamento contemporâneo da
América do Norte e; Robert Putnam (2002), com a hipótese de que o capital social volta-se para as conexões
estabelecidas, pela reciprocidade e confiabilidade numa perspectiva mais desenvolvimentista[1].
2.2 A formação de
indicadores do Capital Social
Embora a noção de capital
social tenha se intensificado nos últimos 25 (vinte e cinco) anos, destaca-se o
sociólogo James Coleman (1988) como o primeiro a contribuir significativamente
na mensuração do capital social e seus efeitos. Utilizou a ferramenta capital
social para analisar a evasão de alunos secundarista em uma determinada região
dos Estados Unidos, identificando certos aspectos da estrutura social por suas
funções e demandas para a educação. Para o autor, o tema capital social
fundamentalmente reflete: lealdade, fidelidade, reciprocidade, compromisso, e
outros elementos decorrentes das relações entre as pessoas de um grupo. Coleman (1988) lamenta em seu discurso presidencial à American
Sociological Association, o desaparecimento gradual das estruturas
familiares e comunitárias como produtoras de capital social, porém, considera
que instituições formais assumem esse papel. Ressalta que compreender esse
processo consiste em identificar uma engenharia social.
Outro importante teórico sobre o tema é Robert Putnam
(1996). O autor compartilha da mesma opinião de James Coleman (1988), destaca
que um grupo cujos membros demonstrem confiabilidade e deposite ampla confiança
uns nos outros é capaz de realizar muito mais do que outro grupo que careça de
confiabilidade e desconfiança.
Putnam
(2002), apesar de basear seu conceito na obra de Alexis de
Tocqueville (1833), parte da hipótese
que o capital social volta-se para as conexões estabelecidas, gerando redes
sociais, normas de reciprocidade e confiabilidade que garantem a sua
existência, numa perspectiva mais
desenvolvimentista. Fundamenta seus estudos em indicadores estabelecidos
nos limites de uma “comunidade cívica” [2]. Sugere que os estoques de capital social, como confiança, normas e sistemas de
participação, tendem a ser cumulativos e a reforçar-se mutuamente.
Já Francis Fukuyama (1995) contribui de forma importante,
porém criticada, ao contrapor o conceito, considerando que capital social
atuante e informal promove a cooperação entre dois ou mais indivíduos, e isto
pode acontecer entre dois amigos até sistemas complexos de articulação.
Fukuyama (1995) volta-se para os sistemas complexos e afirma: “o conceito de capital
social deixa claro que o capitalismo e a democracia são intimamente relacionados”.
Para o autor, uma economia capitalista saudável é aquela em que há suficiente
capital social na sociedade subjacente que permita às empresas, corporações,
redes e similares se auto-organizarem. “Na ausência dessa capacidade de
auto-organização, o Estado pode intervir para promover firmas e setores
essenciais, mas os mercados quase sempre funcionam mais eficientemente quando
atores da iniciativa privada tomam parte das decisões” (FUKUYAMA, 1995).
A literatura também ressalta, o sociólogo Alejandro Portes
(1998), cubano, nacionalizado americano, hoje coordenador do curso de
sociologia da Universidade de Princeton, reconhece os estudos de Pierre
Bourdieu como de fato a primeira análise de capital social contemporânea
(MELIN, 2007). Pierre
Bourdieu (1980) considera que a existência de uma rede de relações não é
condição natural ou social constituída em determinado momento para todos e para
sempre, mas o produto do trabalho de instauração e de manutenção, necessário
para produzir e reproduzir relações duradouras e úteis, próprias para buscar
benefícios materiais ou simbólicos. Essa
“interessante” visão do autor remete a reflexão da intangibilidade do capital
social em relação às outras formas de capital. O autor caracteriza fontes
negativas de capital social que contribuem para análises comparativas mais
avançadas sobre o tema.
Mark Granovetter professor da Universidade de Stanford – E.U. A, afirma que as ações econômicas dos agentes estão inseridas em redes
de relações sociais (embeddedness).
Este termo torna-se ponto forte na literatura. Enfatiza que as redes sociais
são potencialmente criadoras de capital social, podendo contribuir na redução
de comportamentos oportunistas e na promoção da confiança mútua entre os
agentes econômicos.
Para visualizar e compreender as definições, as
variáveis, a ênfase e os benefícios que formam o conjunto de indicadores de
formação do capital social dos autores citados nesta revisão de literatura
sobre o tema, apresentamos o quadro 1 a seguir.
|
2.3 Capital Social e Organizações Intensivas em Conhecimento - OIC
A
importância do compartilhamento do conhecimento como fator gerador de capital
social se caracteriza pela dinâmica das mudanças no mundo, no ponto em que a
humanidade passa de uma lógica tangível da sociedade da informação para uma
incerteza intangível diante da imprevisibilidade do futuro, caracterizada
especialmente pela ampliação do espaço social gerado pelas redes sociais e sua
complexidade.
Com essa perspectiva, a
Gestão do Conhecimento possui fundamentos de gestão organizacional voltadas
para produção, retenção, disseminação, compartilhamento e aplicação do
conhecimento dentro das organizações, bem como para promover o intercâmbio
dessas experiências com o mundo externo (NONAKA e TAKEUCHI, 1997).
A
Gestão do Conhecimento contribui com em três dimensões importantes: a)
conteúdo; b) contexto e; c) cultura. Bourdieu (1980) atribui à idéia de que o capital social e
cultural é sempre redutível em capital econômico, caracterizando as trocas econômicas
como obrigações tácitas que envolvem as comunidades a que pertencem.
Mais
além, pode-se identificar que a rede de relações geradas pelas OIC’S é produto
de estratégias de investimento social, conscientes ou inconscientes, orientadas
para a instituição ou reprodução de relações sociais e ambientais utilizáveis a
curto ou em longo prazo, contribuindo para a criação de relações
institucionalmente garantidas (direitos), que produzam o conhecimento e o
reconhecimento mútuo através de processos de intercâmbios (BOURDIEU, 1980).
Hampton (1980) destaca que uma organização é uma
combinação de pessoas, tecnologias e processos que se relacionam numa
combinação dinâmica entre: a) pessoas: competências individuais mais
seus relacionamentos pessoais; b) tecnologias: funcionalidades técnicas
e as interfaces humanas – máquinas; c) processos: procedimentos, normas,
manuais e padrões da produção (MÜLBERT et al. in
ANGELONI, M. T, 2002)
A figura 5 abaixo relaciona essa combinação e
representa esquematicamente a dinâmica da organização.
Pessoas
(Competências
e relacionamentos)
Tecnologia
Processos
(funcionalidades
e interfaces) (sistemas de produção)
Organização: Pessoas, Tecnologia e
Processos.
|
Organização
|
Figura 5: Dinâmica da organização. Fonte:
Disciplina OIC – Ministrada pelo
Professor Neri dos Santos UFSC/PEGC-
autoria: BHATT, G. D., Knowledge management in organizations: examining the
interaction between Technologies, techniques, and people. Journal of Knowledge
Management, 5 (1), 68-75, 2001. Adaptado pelos autores.
Para melhor compreender as OIC e suas relações com o ambiente interno e
externo, vale ressaltar a dinâmica dos fluxos apresentada pelos autores Lytras
e Pouloudi (2006).
Dinâmica dos fluxos em
uma organização intensiva em conhecimento
Indivíduo
Grupo
|
|
Experiências,
Atitudes, Habilidades, Conhecimentos, Capacidade de aprendizagem.
|
Fluxos
de
conhecimentos
|
Formação
de
equipes
|
Mudança
de comportamento
|
|
Aprendizagem
|
|
Transformação
dos conhecimentos / Dinâmica dos fluxos
|
Sinergia
do grupo, Ambiente cooperativo, Objetivos comuns, Cultura.
|
Figura
6:
Dinâmica dos fluxos em uma organização intensiva em conhecimento. Fonte: LYTRAS, M. D.
& POULOUDI, A., Towards the development of a novel taxonomy of knowledge
management systems from a learning perspective: an integrated approach to
learning and knowledge infrastructures. Journal of Knowledge Management, 10 (6), 64-80, 2006.
Nonaka e Takeuchi (1997) referem-se
ao conhecimento organizacional como a capacidade de uma empresa
de criar um novo conhecimento, difundi-lo na organização como um todo e
incorporá-lo a bens (ou serviços) e sistemas (processos). A dinâmica da
criação do conhecimento se desenvolve em três níveis: indivíduo, grupo
e organização.
Destacam os processos de criação do
conhecimento organizacional, e salientam duas dimensões a considerar: epistemológica
e ontológica. A dimensão epistemológica mostra que somente indivíduos
criam conhecimento. Entretanto, a criação do conhecimento organizacional deve
ser entendido como um processo que incorpora e amplifica organizacionalmente o
conhecimento criado por indivíduos. A
dimensão ontológica diz respeito à interação entre o conhecimento tácito e o
conhecimento explícito.
Essa disposição é representada
graficamente por meio da figura da espiral do conhecimento criada pelos autores
e apresentada na figura 7 abaixo:
Nonaka e Takeuchi (1997) afirmam que
a sinergia da espiral do conhecimento se dá no momento que o conhecimento
tácito passa pelo conhecimento explícito combinando quatro processos da
seguinte maneira:
A figura 8 abaixo evidencia essa
combinação:
Socialização Externalização
Internalização Combinação
|
Conhecimento
tácito Conhecimento explícito
|
Neste contexto, novas redes de
conhecimento são criadas, com importante influência na sobrevivência e no crescimento
das organizações no ambiente globalizado. Para Katz (2000), trabalhar em rede
é um processo que consiste em organizar e manter colaborações eficientes.
Por fim, Porter (1990) argumenta:
...a prosperidade nacional é
criada, não herdada. Ela não nasce dos pendores naturais de uma nação… depende
da capacidade de seus setores industriais para inovar e modernizar… À medida
que a base da competição se voltou mais e mais para a criação e assimilação do
conhecimento, o papel da nação cresceu. A vantagem competitiva é criada e
sustentada por meio de um processo altamente localizado. (PORTER, 1990).
Desse modo, para trabalhar indicadores de capital
social em função do desenvolvimento, extrapola-se a curiosidade científica e
trata-se o “agente” como espaço de reconstrução de identidades e vínculos,
necessários e insubstituíveis. Entender esse processo implica em considerar a
abordagem da gestão do conhecimento para compreender os conjuntos complexos de
fatores, tangíveis e intangíveis, vantagens, desvantagens, dificuldades e
limitações que impulsionam o desenvolvimento por meio das organizações
intensivas em conhecimento e as redes sociais.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Quanto à escolha de procedimentos sistemáticos para a descrição e explicação das análises
de pesquisa, trata-se de um campo de estudo em formação que demanda um debate conceitual e metodológico
criterioso alicerçado no novo paradigma da ciência contemporânea, que é o
da visão sistêmica.
Segundo Vasconcelos (2003), para tratar de visão sistêmica, é
preciso considerar um conjunto de componentes metodológicos que também podem
ser considerados estratégicos na totalidade, demandando
instrumentos capazes de verificar e avaliar os processos e a intensidade da
circulação de informações e conhecimentos, bem como seu papel para o dinamismo
socioeconômico local.
Assim
o estudo propõe uma análise dos dados e dos conceitos
formadores do capital social diante do desenvolvimento local sustentável, instrumentalizada por
indicadores já utilizados em estudos propostos por organizações internacionais
que, alinhados aos pressupostos das OIC’S podem ou não produzir
desenvolvimento. Contudo, os indicadores devem ser entendidos como medidas quantitativas
ou qualitativas, que apontam, indicam, aproximam e permitem mensurar as
características, mudanças e objetivos de um processo, sistema ou organização
(DEPONTI, 2002), mas sem abandonar a concepção sistêmica.
Por um lado o olhar
pragmático do conjunto de objetos estudados que se inter-relacionam e divergem
entre si na sua relação de causa e efeito podem garantir níveis de
conhecimentos diferentes. Por outro, a resposta obtida dos processos das OIC’S pode
não ser necessariamente proporcional.
Essa reflexão nos encaminha para os sistemas
complexos, um mundo de transições de fase, de mudanças de rumos e
comportamentos, que fogem da ordem, e denotam processos associados a modelos
organizados de modo a considerar a diversidade com característica institucional
e facilitar as conexões entre os agentes formadores do
capital social e o desenvolvimento. Constitui-se assim, uma importante fonte de
analise da formação do capital social como potencializador de desenvolvimento
sustentável ou não. Contudo, debates conceituais não podem ser solucionados em
um vazio empírico.
Para isso o Banco Mundial desenvolve estudos constantes com tentativas de fornecer bases para medir diferentes dimensões de capital social e encorajar um maior diálogo entre pesquisadores, formuladores de políticas públicas, gerenciadores de tarefas, e a própria população. Por meio desse diálogo, o Banco Mundial espera que o conhecimento das dimensões sociais do desenvolvimento econômico seja ampliado e, com isso, a capacidade conjunta para desenvolver e programar estratégias de desenvolvimento mais eficazes
Por
fim pode-se entender que capital social propicia os seguintes efeitos
demonstrados no esquema da figura 2.
Figura 2: Geração do
capital social e seus efeitos segundo autores de referência.
Fonte: MELIN, J. M. A formação do capital social entre
os empresários de micro e pequenas empresas: a experiência dos núcleos
setoriais do empreender. Tese de doutorado apresentada na PEGC/UFSC, 2007.
Elaboração a partir de Bourdieu (1980); Coleman (1988); Putnam (1996); Fukuyma
(2000); Cardoso, Franco e Oliveira (2000); Jacobi (2004), Stweart-Weeks (2005);
e Banco Mundial (2007). Adaptado pelos autores.
A
importância das organizações intensivas em conhecimento como fator gerador de
capital social, e este sucessivamente caracterizando desenvolvimento local
sustentável, parte do ponto em que a sociedade passa de uma lógica tangível
para uma incerteza sobre ativos intangíveis diante da imprevisibilidade do
futuro.
Assim
as constatações desenvolvimentistas de Lustosa (2002 relacionam a problemática proposta sobre a formação de indicadores de
capital social e as OIC’S como potencializadores de desenvolvimento local
sustentável. Suas analises e interpretações possibilitam resultados
convergentes com os indicadores de capital social.
De qualquer modo relacionar a
complexidade das redes de relações das OIC’S com a formação de capital
representa a desenvolver idéias em um domínio que compartilha similaridades com
questões contemporâneas, e que gerar indicadores em cenários complexos requer ainda
estudos sistêmicos mais avançados, sobretudo quanto às particularidades do
contexto a ser estudado.
REFERÊNCIAS
1BANCO MUNDIAL. Questionário
Integrado para Medir Capital Social (QI-CS) (Integrated Questionnaire for the Measurement of
Social Capital) (SC-IQ), 2003. Disponível em:
http://web.wordbank.org. Acesso em: 12 out 2009.
BERTALANFFY, von L. 1969. General systems theory. New York: George Braziller.
BOURDIEU, P. Le capital social: notes provisoires. In: Actes
de la recherche
en sciences
sociales n 31, jan. Paris: France, 1980.
CAPRA, F. 1982. The turning point: Science, society and the rising culture. Suffolk: Fontana
Bungay.
COLEMAN, J. Social Capital in the creation of human Capital. American Journal of
Sociology, Chicago University. vol.94. supplement S95-S120,
1998.
DEPONTI, C. M. Indicadores para avaliação da
sustentabilidade em contextos de desenvolvimento rural local. Monografia
(Especialização) – UFRGS. Programa de Pós-
Graduação em Economia Rural,
Porto Alegre. 2002. 155 p.
FUKUYAMA, F. The Great
Disruption: Human Nature and the Reconstitution of Social Order. New
York: Free Press, 1999.
GIULIANI, E. The
Knowledge Society – Sociedade do Conhecimento. Disponível em: http://www.pucrs.br/feng/civil/professores/giugliani/Gestao_Short_Paper_01_Knowledge_Society.pdf
SHORT PAPER 01. Acesso em: 07 ago 2006.
MELIN,
J.M., A Formação de Capital Social entre
os Empresários de Micro e Pequenas Empresas: A Experiência dos núcleos
setoriais do “EMPREENDER. Tese de doutorado EGC/PPEGC/UFSC, 2007.
MORGAN, G. (Ed.) 1983. Beyond method. Newbury
Park, CA:sage
NONAKA, I; TAKEUCHI, H. Criação do conhecimento
na empresa: como as empresas
japonesas geram a dinâmica da inovação. Rio de Janeiro: Campus, 1997.
OCDE. Quantifying technological advance: S&T
indicators at the OECD – Challenges for the 1990s. Science and Public Policy 19: 281-290.
1992.
PORTES, Alejandro. Capital
social: origens e aplicações na sociologia contemporânea. Sociologia,
set. 2000, no.33, p.133-158. ISSN 0873-6529.
PUTNAM, R. D. Comunidade e
Democracia: a experiência da Itália
Moderna. Rio de Janeiro: Editora FGV, 1996.
KHUN L.
(2007) Why Utilize Complexity Principles In Social Inquiry? University of Western Sydney, NSW, Australia World
Futures, 63: 156–175.
SEM, Amartya. Desenvolvimento como liberdade. Tradução de Laura Teixeira Mota. São Paulo: Companhia das
Letras, 2000.
SENGE, P. M. A quinta disciplina: arte e
prática da organização que aprende. São Paulo: Best Seller, 2000.
WBCSD – World Business Council for Sustainable Development, 1999. http://www.wbcsd.org/templates/TemplateWBCSD5/layout.asp?MenuID=1
- acesso em 22/04/2009.
[1] O termo desenvolvimentista, com destaque para
os fundamentos de Lustosa (2002) para áreas prioritárias e
fundamentais na
formação do capital social: (a) empreendedorismo; (b)
promoção do desenvolvimento eco-socioterritorial e; (c) políticas públicas com os eixos de desenvolvimento sustentável. (d) a participação financeira
e gestora
dos investidores sociais
privados
e públicos.
[2]Denominação dada pelo autor
para uma comunidade que apresenta as seguintes características sociais: participação
cívica; igualdade política para se sustentar; prática de solidariedade,
confiança e tolerância entre seus membros; existência de associações e
estruturas sócias de cooperação.
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